O pecado santificado
Um dia, que nem era tão belo assim, o santo pecou.
Jogou pedras minúsculas nos halos das santas.
Praguejou as contas dos terços e embebedou-se das bentas águas.
E rasgou os dogmas.
Tornou-se humano aos olhos dos pecadores costumeiros.
E estes se sentiram tão semelhantes e próximos que resolveram comemorar o ocorrido.
E de casa em casa, de bairro em bairro, de cidade em cidade,
convocaram os infiéis.
E daí surgiu uma multidão desvairada de infiéis.
Infiltraram-se na religião, na política, na sociedade aceita e na sociedade
não aceita (aglomerados) e inventaram a faixa.
Faixa colorida. Todas as cores, primárias ou não.
Os pecadores, não participantes, observavam os operantes.
Todos pecavam.
Sem exceção.
E foi assim que, com rumo, cumpriram os seus pecados.
Um dia, que nem era tão belo assim,
O pecado, santificado, tornou-se lema e teima.
Não há mais salvação.