Asma
Às vezes em nostalgia, me lembro de quando o tinha em abundancia.
És tu, como o ar acintoso ocupando o espaço outrora de minhas vísceras.
És tu, me fazendo respirar. Regando-me com seu néctar da vida.
E fielmente como deve ser. Vem e vai há segundos. Quando quer, aparece com ar de sua graça. Mas é breve, não se prende. Mas você não parece se importar. Penso até que lhe agrada me ver desanimada pelos cantos a sua espera. Uma hora me canso. Já não ligo se não vem, seria bom se não viesse. A saudade escorre por mim. Deixo de querê-lo demasiado. Corro para longe, tenho a impressão de que quanto mais corro mais o preciso. Estou vivendo com minha reserva de você, é o suficiente.
Hoje me sinto mais leve, porque estou mais vazia. A reserva está acabando. Encho-me de alento ao imaginar que no fim, você voltará a preencher-me para que eu viva.
És tu, como o ar onipresente. Que preenche todo meu espaço me sufoca quando em demasia e que, bem, se não o tivesse morreria lentamente por sua falta.