HOJE A TRISTEZA ME INVADE.

 

 

 

Eu não sei por que devo escrever versos tão tristes, se ainda essa noite a vi sorrindo graciosamente para mim.

Ah, beijei-lhe tantas vezes embaixo desse mesmo céu, quando sozinhos estávamos sendo apenas expiados à distância pelas estrelas.

Mas hoje estou triste, não sei se é porque o dia amanheceu tristonho assim como e quando vai chover.

O fato é que eu fui envolvido por um mal estar, um dito sentimento disfarçado com a sensação de lonjura e saudades de tudo e de todos.

Ah, eu acho que estou sendo esquecido por todos, por isso, hoje eu vou escrever só versos tristes.

Quem sabe com isso, eu faça com que alguém se lembre de mim?

Sniff... Sniff... Sniff!!!

Como é ruim viver esses momentos tristes, eu tenho a impressão de que me deixaram esquecido no meio do caminho.

Parece que estou sozinho sobre planeta, e que todos partiram sem ao menos aquele adeus da partida, na verdade, não me foi dado o direito a um aceno triste.

O aceno, essa fruta amarga que se colhe nas gares, nas rodoviárias, nos portos e nos aeroportos, nos faz sem querer, lacrimejar e engolir os soluços para que eles não nos sufoquem.

Todos partiram, e assim eu fico prejudicado, pois não existe mais alguém por perto para poder repartir esta tristeza.

Todos partiram sem o último aceno.

Meu Deus!

Eu descobri que estou só.

Só tenho a minha sombra por companhia.

Acho que até o meu anjo da guarda se demitiu.

Ah, ingrato, nem me concedeu o tal de aviso prévio, e nem me disse se vou ter direito a um substituto.

Ouviu Chandinha?

Hoje a minha tristeza é diferente, teimosamente veio bordada com um sentimento de abandono e um silêncio de búzio vazio.

E para o meu desconforto, agora está se avizinhando uma saudade também teimosa que me queima devagarzinho, e um vazio impenetrável somente sentido nessas ocasiões quando se está só.

A noite está maravilhosa e eu estou aqui sem ela, apenas olfateio-a de longe, mas ela permanece distante e exilada até dos meus sonhos.

Meu Deus!

Como seria bom se ela estivesse comigo, assim beberíamos esse mesmo silêncio, que apenas seria quebrado com os nossos famélicos e insistentes beijos.

Não consigo esquecer os seus olhos de mel, a sua boca teimosa em minha boca, o aroma tépido e doce dos seus seios que agora arfam longe de mim.

Na verdade o que eu estou sentido não é propriamente uma tristeza, mas sem dúvida, é a tontura causada pela embriaguez desse amor.

 

 

 

 

 

 

 

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 02/02/2007
Reeditado em 04/02/2007
Código do texto: T367018