Olha: vida!

Quantos muros de grandes pedregulhos foram necessários derrubar?

Quantas folhas secas espalhadas ajuntar?

E aqueles barrancos para estabilizar...

As ervas daninhas, que teimavam, teimavam em atrapalhar...

Todo o sacrifício para que o jardim deixasse de ser aquele vazio invadido

Mas veja só! Ele está cada dia mais vistoso, florido...

Já nem parece mais um terreno baldio

Tinha se tornado em depósito de lixo...

Abandonado a mercê das inconstâncias, dos insetos, dos tempos nebulosos... Dos outros que sempre lançavam seus restos lá...

Sei que não vai ser fácil ir em frente. As limpezas são diárias e árduas. Precisamos planejar, pensar e conversar, então tem que ter uns banquinhos convidativos de madeira pra gente sentar. Colocaremos uma serena cachoeira pra relaxar. Vamos confeccionar também umas balancinhas, para nunca esquecermos de ser criança. Aí ergueremos, tijolo por tijolo, novas muretinhas, daquelas pequeninhas de barro que deixam a gente avistar o horizonte, se perder no horizonte...

Enquanto ainda se sobressair o fôlego, vamos mudando, continuamente melhorando. O jardim se tornará espetacular e a lembrança do terreno baldio... sutil...

Os outros?

Talvez se darão conta que onde antes reinava o fedor e o rancor, enfim nasceu uma flor...

Daniel Agostinho
Enviado por Daniel Agostinho em 02/02/2007
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