http://youtu.be/oGVb3qSv5FY 
                                                Vou voando
A majestade, o sabiá.


 
            Caminho, bonito, pelos caminhos do meu pensamento.                                Quero que ele me leve solto como um pássaro voador e cantador para longe daqui. Quero ir muito longe, onde eu possa respirar ar puro e veja uma paisagem realmente diferente. Quero olhar com olhos serenos esta paisagem nova. É tudo que desejo neste instante.
            Sabe, há momentos decisivos em nossas vidas que precisamos mudar nossas realidades. Ouço dizer que devemos controlar nossa respiração, respiração lenta para sorver e entender este universo em que vivemos.
            Começo a voar como um sabiá, cantando lindo, cantando tudo que sei, misturando todas minha emoções, tristezas, sustos, pavores, horrores e alegrias e entusiasmos também.
            Sai uma melodia àspera, ruidosa, mas é uma melodia muito minha, só minha. Parto da clave de sol, para depois penetrar   gravemente na clave de fá!
            Me misturo com as inconstantes nuvens  que parecem sorrir para mim. Vou voando em busca de um bem indefinido, que não sei como é ainda. Só sei que esse bem me espera de malas prontas para seguir comigo para onde eu quiser ir. No bilhete azul, este bem mostrou firmeza e disse assim:  “Querido sabiá: não precisa vir em minha busca por esses céus tempestuosos, deixa que vou ao teu encontro, largo tudo que é meu, amarras e amores antigos.    Não tenho a menor dúvida em fazer isso, sou guiada só pelo amor...”
            Mas sou um sabiá orgulhoso e não aceitei essa vinda do meu pequeno rouxinol. Tive medo dela se  perder nessa longa viagem. Sei que estou atrasado e me inquieto, começa a chover forte, tenho que arranjar uma árvore depressa pra me esconder. Tem nada não, minha resolução está tomada. Espero o grande sol me aquecer e quando o dia se levantar, alço meu voo e vou, como criança inocente, colhendo as flores do mundo para  fazer um grande ramalhete de amor compassivo. Sim, nas fraquezas humanas há que ter imensa compaixão, só assim poderemos redimir todas as nossas faltas.
            Chego a uma sombra de paz e deito-me para descansar, com as ideias em intensa confusão. O céu enegrece e minha mente adormece. Uma chuva torrencial de pensamentos amorosos enternece meu olhar, passarinhos cantam à minha volta, mostrando-me o caminho que devo seguir. Lá na frente, um mensageiro do amor, com um sorriso amável nos lábios, me entrega outro bilhete da amada, do meu rouxinol tão querido. O bilhete dizia assim: “Querido meu, quero sossegar o teu espírito, não há razão para nenhum descompasso, pois a cada desconfiança tua, mais me aproximarei de ti, lavando-te de todas tuas dúvidas com as lágrimas do meu imorredouro amor”.
            Uma onda gigante de prazer inundou todo o meu ser, pois sentia  que começava o meu caminho de ouro. Urgia bater minhas asas para o infinito, tendo ao lado a companheira de toda uma vida...  Um só pensamento me domina: sequestrá-la definitivamente, para ter sua beleza enroscada no meu corpo e receber o jorro do seu olhar,  serenando  todo o  meu ser.


                                  Nota: Pura imaginação do "eu poético", numa espécie de canto da alma, sempre em busca do amor da vida.  Seu pensamento vaga  livre e displicente...      Muitas interpretações podem ser feitas desta prosa.