Dia de julgamento
Essa é uma sátira que fala sobre um padre do século XVII, que minutos antes da missa se encontra com um demônio, e esse começa a falar da vida pecaminosa que o padre tem levado.
Essa sátira não visa de modo algum difamar a Igreja Católica.
Todos os nomes usados aqui são fictícios.
Boas noites padre, tu sabes quem sou?
Sei. Tu és um indigente que queres um teto e comida de graça não és? Pois bem sai já daqui da porta da minha igreja antes que a missa comece e tu afugentes os fies de bem.
Não padre, tu estas engando eu não sou um indigente, estou assim, com esses trapos apenas para não chamar a atenção dos homens.
Então quem és tu?
Eu sou aquele que tu mais temes, sou uma das estrelas que tombaram.
Não estou a vus entender.
Eu sou o Belzebu padre veja a minha face, e vim aqui para ter uma conversa com vos.
Que que tu queres filhos da escuridão, eu não tenho parte com vos nem com os da tua corja!
Engano vosso padre, tu dentre todos dessa cidade é que tens mas parte conosco.
Estas a me tentar filho das sombras, vá de reto filho de Sátanas!
Abaixa essa cruz padre, ela só funciona com pessoas de fé verdadeira.
Oque tu queres dizerdes com isso? Que eu não tenho fé?
Tu padre estas muito sujo para falar de fé não achas? Tu tem pecado bastante nos últimos tempos padre.
Não sei do que tu falas filho das trevas!
Tu sabes sim padre, tu sabes e não adianta querer esconder isso de mim. Vos tem pecado com as madres que vens a cá nesta cidade, e também com aquelas crianças filhos dos mais pobres.
Eu já falei que não sei do que tu falas, e para de me atazanar.
Tu sabes padre, e se não queres falar comigo por que tu não vais embora?
Tu é quem tens de ir, esse não é vosso reino.
Então padre por que não falemos um pouco mais de ti? Sabe padre eu tenho te observado a muito tempo, e tenho visto os teus olhares para as filhas dos fies e para suas esposas.
Cala-te, tu não tens moral para falar de meus atos, e tudo de que tu me acusas são falsas injúrias.
Cala-te tu padre dos infernos, e escutas bem oque tenho a dizer a vos, pois agora que tu começais a ouvir-me não deixareis que tu vás embora! E se tu não queres ser castigado agora por mim e meus irmãos que aqui e dentro da tua igreja estão aos montes, te cala e me ouve em silêncio.
Tu vai embora, Belzebu não quero prosa contigo!
Mais eu quero padre, e falando em prosa aquela prosa que tu tiveste com Ana Joaquina, aquela menina filha de João Braz muito me interessou, aquela menina como tu disseste no ouvido dela, é muito formosa.
Eu não me lembro disso!
Lembras sim padre, e não fique nervoso eu estou apenas começando... e padre como tu que és um representante Dele não deveria oferecer ao pai de Ana Joaquina o dinheiro dos dízimos em troca de certos favores de sua filha, tu se aproveitas que a família de João Braz não tens dinheiro e tentas a ele e sua família com aquele dinheiro e ainda os ameaça caso eles não aceitem ou digam algo.
Tu estas a tentar me enlouquecer? Para de me atazanar e vai atazanar a quem tem parte com ti!
Eu já falei que tu tens parte comigo, e nada do que tu fales ira te livrares de tua culpa, agora padre falemos doutros pecados vossos, como o que tu vens fazendo com os teus olhares as mulheres dos fies que vem a vossa igreja, tu não tens tirado os olhos dos decotes de Maria da Graças a mulher do Conde.
Sempre que vou falar com as mulheres nunca olho para as partes que não devo, tu estas a me tentar.
Tu podes ate negar padre, mas eu sei que isso é verdade, eu tenho te observado muito. E sei que tu tens discriminação para os mais pobres, e os trata com insignificância. Mas para os poderosos vejo a tua nobreza, sempre os trata como se fossem reis. Tu também tem dito grandes mentiras aos mais pobres padre, tens dito que só alcançaram os céus se derem muitos dízimos, alias tu tens pedido muito dizimo aos que pouco tem, e pouco aos que muito tem.
Isso é calunia, eu nada tenho feito disso que tu me acusas, e Deus sabe disso.
Tu nunca mais repitas esse nome em minha frente padre maldito, Ele nada tens com tu, vos não tem andado como Ele gosta, foi por isso que me deram permissão para vir falar com vos e também para levar-te para o meu mundo.
Que tu falas? Eu sou um servo do Altíssimo, Ele jamais permitiria que um servo das sombras como tu me levares. Agora parta e nunca mais me aborreça maldito!
Cala-te padre maldito eu vim para levar-te comigo ao inferno e tu querendo ou não vai comigo! Tu vai sofreres o resto da eternidade para pagar por teus pecados! Agora vamos logo que não tenho tempo a perder com tu.