Nudez
Para que abro portas, uma depois da outra, se sempre dou de cara com seus muros?
Foi tão difícil atravessar seja lá o que foi para chegar perto de você.
Quando cheguei, não pude dizer coisa alguma.
Podia falar para qualquer pessoa sobre o que estava acontecendo comigo, menos para você.
Para qualquer um podia doar minha alma que naquele momento, ah, era uma alma!
Mas para que eu falaria com eles, se era para você que queria dizer?
Não pude.
Não queria lhe dar, assim de susto, o meu amor. Não queria lhe inquietar, porque o amor parece inquietar as pessoas. Então quis me acalmar para suavemente lhe doar o meu amor.
Queria falar, meu amor, do meu amor por você. Mas você não estava lá. Estava ocupado com sua falta de tempo. Na sua falta de tempo, já havia desperdiçado uma eternidade comigo. O que mais eu poderia querer? Então você falou comigo...
Queria contar passos, eu na minha agonia, já fui explicando que queria correr para você. Havia errado outra vez.
Estava tão cansada... Mas não podia arriscar a possibilidade de tocar o meu amor.
Então quis ficar bonita para você. Sabe? Até fiquei! Perfumei-me e colori-me, porque você permitiu-me acreditar.
Sei que a beleza que havia dentro de mim naquele momento era absoluta, mas quis me enfeitar mais para você. Era como acender luzes para lhe mostrar o caminho para dentro de mim. Você não viu. Fiquei tão assustada.
Ah meu querido! Só pude me calar porque senti um tal pudor ao ver assim toda minha nudez ignorada. Você olhou aquilo que seus olhos se acostumaram a ver em outras pessoas.
Contar passos... Eu queria bater portas!
Queria plantar sementes e cultivá-las, para que algo em você florescesse.
Calei-me. Meu silêncio estava errado. Quis falar, mas já fui me perdendo outra vez. Até neste momento lhe amei mais e mais.
Não sei mesmo fazer as coisas. Nunca soube caminhar.
Andei sem saber andar porque quando vi seus olhos, uma sensação absoluta de amor me invadiu.
Quando você tocou meu coração quis lhe engolir por causa da minha sede. Sede de você.
Sei que nunca poderei me fartar porque meu desejo renasce a cada instante, como uma sucessão de desertos e você dá-me de beber gota a gota. Queria me inundar de você para ainda assim morrer de sede a cada momento.
Pouco sei sobre você; o vi correndo todo tempo atrás do tempo.
Sei que olhar para você foi como olhar não para rosas, sóis, orquídeas nem universos; foi como olhar o mato, a beleza brutal do mato.
Mesmo sem saber andei todo meu tempo para você, como um fim voltando para um principio.
Continuarei lhe querendo mesmo que você nem se lembre, nem sua alma me pressinta ou seu corpo penetre o meu.
Será como reunir, secretamente, o que estava uma eternidade toda desejando se tornar único.
E quando eu pensar que você morreu em mim será porque dói tanto, tão fundo, tão selvagem, que não suportarei sua presença. Porque é tão forte, tão bom e tão bonito que não aguentarei sua ausência.
Para que abro portas, uma depois da outra, se sempre dou de cara com seus muros?
Foi tão difícil atravessar seja lá o que foi para chegar perto de você.
Quando cheguei, não pude dizer coisa alguma.
Podia falar para qualquer pessoa sobre o que estava acontecendo comigo, menos para você.
Para qualquer um podia doar minha alma que naquele momento, ah, era uma alma!
Mas para que eu falaria com eles, se era para você que queria dizer?
Não pude.
Não queria lhe dar, assim de susto, o meu amor. Não queria lhe inquietar, porque o amor parece inquietar as pessoas. Então quis me acalmar para suavemente lhe doar o meu amor.
Queria falar, meu amor, do meu amor por você. Mas você não estava lá. Estava ocupado com sua falta de tempo. Na sua falta de tempo, já havia desperdiçado uma eternidade comigo. O que mais eu poderia querer? Então você falou comigo...
Queria contar passos, eu na minha agonia, já fui explicando que queria correr para você. Havia errado outra vez.
Estava tão cansada... Mas não podia arriscar a possibilidade de tocar o meu amor.
Então quis ficar bonita para você. Sabe? Até fiquei! Perfumei-me e colori-me, porque você permitiu-me acreditar.
Sei que a beleza que havia dentro de mim naquele momento era absoluta, mas quis me enfeitar mais para você. Era como acender luzes para lhe mostrar o caminho para dentro de mim. Você não viu. Fiquei tão assustada.
Ah meu querido! Só pude me calar porque senti um tal pudor ao ver assim toda minha nudez ignorada. Você olhou aquilo que seus olhos se acostumaram a ver em outras pessoas.
Contar passos... Eu queria bater portas!
Queria plantar sementes e cultivá-las, para que algo em você florescesse.
Calei-me. Meu silêncio estava errado. Quis falar, mas já fui me perdendo outra vez. Até neste momento lhe amei mais e mais.
Não sei mesmo fazer as coisas. Nunca soube caminhar.
Andei sem saber andar porque quando vi seus olhos, uma sensação absoluta de amor me invadiu.
Quando você tocou meu coração quis lhe engolir por causa da minha sede. Sede de você.
Sei que nunca poderei me fartar porque meu desejo renasce a cada instante, como uma sucessão de desertos e você dá-me de beber gota a gota. Queria me inundar de você para ainda assim morrer de sede a cada momento.
Pouco sei sobre você; o vi correndo todo tempo atrás do tempo.
Sei que olhar para você foi como olhar não para rosas, sóis, orquídeas nem universos; foi como olhar o mato, a beleza brutal do mato.
Mesmo sem saber andei todo meu tempo para você, como um fim voltando para um principio.
Continuarei lhe querendo mesmo que você nem se lembre, nem sua alma me pressinta ou seu corpo penetre o meu.
Será como reunir, secretamente, o que estava uma eternidade toda desejando se tornar único.
E quando eu pensar que você morreu em mim será porque dói tanto, tão fundo, tão selvagem, que não suportarei sua presença. Porque é tão forte, tão bom e tão bonito que não aguentarei sua ausência.