A MEMÓRIA INÚTIL



Mente e coração recheados de histórias,
Experiências e descobertas,
Setores para cada sentido do corpo.
O real alimenta o imaginário.

A memória -
De que vale, entretanto?
Cada qual com a sua,
Isoladamente?
Hermeticamente lacrada aos demais?
Inicia-se e acaba em si mesma,
Fecha-se em seus limites.
Não há como dividi-la.

Quem conta, só conta.
Não planta no outro reminiscências!
Não lhe cabem as cenas,
As expressões do rosto,
Olfato, tato, paladar, 
O ouvir, o olhar, a percepção intuitiva.
Não se lhe dão posse da sintonia fina,
Da captação de níveis,
Do vocabulário para autocomunicação.
Só um corredor de informações,
Passíveis de interpretação,  de reformulação.


               A memória é indivizível reino.
               Não faz biblioteca, museu nem tombo.
               Na memória, o esquecimento.
               Evocação e extinção são faces da mesma moeda.

               À memória e suas memórias falta um memorial.








 

KATHLEEN LESSA
Enviado por KATHLEEN LESSA em 08/05/2012
Reeditado em 12/01/2014
Código do texto: T3656814
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