TUDO ERA BOM- Aos meus amigos e amigas professores (as)!

Aos meus amigos e amigas da EDUCAÇÃO!!!!!

Tudo era bom!

Amanheci com o coração vibrante em pensar no momento marcado para o nosso reencontro com grandes amigos e amigas que compuseram a História da Educação em Guaçuí. Pensei, e creio ter a certeza de que, alguns faltarão, por motivos de ordem pessoal, por alguma razão, mas enfim, os que forem, certamente continuarão a compor a história da história da Educação.

Pensei...será que só teremos gente velha por lá? Velho, aprendi com meu Mestre Pirovani, que há poucos dias advertiu a Mestra Ivanete dizendo-se velha. O nosso literato, imediatamente, lhe corrigiu: Velho é tudo aquilo que podemos descartar; jogar fora; que não nos é útil. Ficou uma grande lição: jamais ficaremos velhos; pois em algum lugar, até mesmo em um lugar no passado , se fomos úteis a alguém e ajudamos a construir a história de vida de tantos que por nossas mãos passaram. Cheguei à conclusão então, de que desse encontro, participarão sim, muitos profissionais de grande valia para a formação de massa crítica e a construção da cidadania de crianças, jovens, adultos e velhos também!!! Ah....velhos não!!!!! Aprendi que não somos velhos, pois como nos ensina Rubem Alves: Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma, continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia de nossas palavras. O professor, assim, não morre jamais!”

Fiquei refletindo também, creio que por inspiração divina, na Leitura do Livro de Gênesis 1, 1-22, onde encontramos a narrativa da criação do mundo. Levantei-me com essa indagação: Porque na leitura sempre encontramos o versículo: “E Deus viu que era bom!”; ou seja, após suas criações, sempre o autor do livro faz essa afirmativa, porém, com o verbo conjugado no pretérito. Será que éramos bons e ficamos ruins? Perdemos nossos valores no caminhar? Deus criou a educação, Deus criou o educador e viu que era bom? Não ficaria melhor dizer: Deus criou o professor e viu que é bom! Ora, quem sou eu, pequeno, insignificante e até atrevido em questionar a leitura bíblica, mas volto a me indagar, pois no final da obra do Criador Ele descansa de toda a obra que fizera. E viu que toda a obra era boa!

Mas, ao mergulhar em meu silêncio, vi que tudo era bom mesmo! Era!!!! Simplesmente era!

Era bom quando a educação ficava sob a guarda dos prefeitos, onde não se conhecia um órgão gestor da Educação nos Municípios?

Era bom quando ainda pequenos, existia, pró-forma, a Coordenadoria de Supervisão, subordinados à Secretaria de Estado da Educação?

Era bom, quando a latente interferência política assumia os comandos da Educação e os educadores, em seu silêncio e sabedoria, criavam massas críticas em suas salas de aula, nos bastidores de uma política suja, militar , dominante e excludente?

Era bom quando passamos a ficar jurisdicionados a Cachoeiro de Itapemirim, vivenciando realidades alheias aos nossos interesses e peculiaridades, sem criticidade e sem a construção de uma história verdadeira?

Era bom quando passamos a nos chamar Núcleo Regional de Educação, com limitações estruturais, físicas, iniciando um novo caminhar, cheios de esperanças, mas diante de inúmeros desafios e caminhos a serem desbravados?

Era bom quando nos tornamos Subnúcleos Regionais de Educação , sem uma administração regional, passando a decidir tudo junto à SEDU? Dependendo dos secretários municipais de educação e prefeitos para que a alavanca funcionasse e , de fato, pudesse mover ideais e projetos de real valor cidadão?

Era bom quando criou-se a SRE e tudo voltou a ser gerenciado em Guaçuí, sem nenhum elo de ligação/comunicação e decisão nos Municípios. Uma época em que a interferência política se fez mais forte, mais presente , auxiliando a nos manter como órgão regional, porém com um discurso ambíguo e cheio de poderio econômico, social e disputa de prestígio?

A vida é feita de detalhes...Um encontro casual, atrativo, fascinante e cheia de reencontros. Dia após dia, o caminho é aberto no próprio caminhar como que, sobre a ponte arqueada no tempo, desafia a lei da gravidade e, suspenso no vazio, agacha-se par acrescentar mais um palmo no piso.

Assim fomos nós. Sempre acrescentando mais um palmo no chão pisado.Éramos felizes e não sabíamos! Por isso que a leitura de Gênesis está correta. Deus criou tudo e viu que era bom. Era bom mesmo!!!! Tudo era bom, de acordo com os desígnios de Deus! Tudo era bom, mesmo com percalços, dificuldades, desafios, erros e acertos! Tudo era bom na medida em que o educador não se fez calar diante de políticos e classes dominantes que “tentaram” usar a educação como celeiro e curral eleitoral. Tudo era bom à luz da esperança, da sabedoria, da inspiração, da criatividade, do improviso, do abraço fraterno e da relação de vida entre aluno e professor. Tudo era bom diante do AMOR! O amor é um mistério! Aos olhos da fé, dom de Deus! O coração acorda um dia povoado , cheio de alegrias, expectativas de vida, de mudanças, solícito ao chamado a ser educador-missionário.

Fiquei muito feliz com esse reencontro! Porque vi que tudo que vivenciamos juntos, era bom! Era bom mesmo!!!! Fomos felizes, atrevidos, ousados, políticos na arte de contornar situações alheias aos interesses sócio-educacionais! Guerreiros e bandeirantes; abrimos caminhos para gerações futuras. Somos responsáveis por tudo isso que era bom!

Oxalá seja melhor! Oxalá tenhamos um sistema digno que nos inunde de experiências que nos deem prazer em poder dizer: Tudo está bom! Está, por que não somos...apenas estamos! Estamos hoje reunidos e avaliando nossos caminhos percorridos até aqui. Cada passo dado, cada palmo de chão pisado na vida e no coração de nossos alunos.Caminhos cheios de amor ; um amor que inunda, devasta, sufoca, liberta, educa, irrompe indizível, marca para sempre. Um amor que é terno!

Em, 28 de abril de 2012.

WEBER JOSÉ VARGAS MÜLLER.

Weber José
Enviado por Weber José em 07/05/2012
Código do texto: T3653951