Cujas Canções...
Neste mundo onde as ambiguidades e as dúvidas andam de mãos dadas,
Você espera o quê, meu bom samaritano?
Entendimento, clareza , pureza?
Só pode haver confusão, confusão e mais confusão.
E ainda por cima, ou por baixo, nem sei mais, na dualidade vivemos nós:
Bonito/Feio; Branco/Preto; Frio/Quente; Duro/Mole; Bom/Mau
E a esfarrapada desculpa: ele é isso, e mais aquilo, mas é meu amigo!
Nem Cristo conseguiu desatar esse nó.
Um parêntese: falando de dualidade, usei ponto e vírgula, dando respeitabilidade ao tema.
Mas voltemos ao contexto.
O Messias encontrou, parece, uma solução provisória para nosso dilema
Um exemplo? Onde foi parar o bom ladrão?
Céus! É muita compaixão !
Encerro, por ora, o meu espasmo no mundo dos versos e termino, no que talvez seja chamado de prosa poética, dizendo que acredito muito – e tenho provas no curso da minha vida – na boa vontade e até na vontade boa, como queria Kant. E temos que fazer penetrar em nossas vidas, de qualquer maneira, o bom humor, para atenuar o nosso espanto e o medo do mundo.
Quando rapaz, às vezes, ficava, por razões bobas, aborrecido com meu velho pai e tinha a mania de ficar dois dias sem falar com ele. Pois bem: era sempre o velho quem tomava a iniciativa e derretia o gelo, fazendo uma brincadeira, contando uma piada, me fazendo rir e, nessas horas, infalivelmente me dizia: “ Betão, pai e filho não podem brigar nunca” . E hoje fiquei sabendo, ao mostrar esse texto para minha irmã Naná, o que ele dizia para ela: “Nóis se briga, mais nóis se gosta, não é minha filha?”
Ele era aquela formidável pessoa que, para me ver feliz, naqueles momentos, seria capaz, se conhecesse a história que adiante vou contar, de bater no meu ombro, com um sorriso nos lábios e dizer: - Cujas canções, hein?
Segundo Juarez Fonseca, na casa do Mario Quintana havia uma velha empregada doméstica, de poucas luzes e que adorava o nosso grande poeta. Certo dia, com dificuldade, ela leu em um jornal a seguinte manchete: “ O poeta Quintana, cujas canções.......... (e o artigo prosseguia). A empregada não prestou a atenção no resto da notícia e com um grande orgulho, passou uma semana rodeando o poeta e dizendo: “cujas canções, hein?”
Volta e meia leio um grande autor dizer: - Não se leve muito a sério!
Ainda não consegui entender bem essa frase, mas deve ser coisa boa.
Bem, a prosa tá ótima, mas já começo a me alongar e os minimalistas não gostam.
Encerro saudando os meus queridos amigos e amigas, incluindo até os bons parentes, batendo no ombro dessa gente, que é gente, dizendo com orgulho: - Cujas canções, hein?
Nota: Esta prosa foi lida apenas por duas pessoas, Max Uchi Kado e meu grande amigo, o grande Antonio Maria Cabral, do Maranhão! Estava chegando no Recanto, nessa época!