MEMORIAL DE OUTONO/INVERNO
Que continues muito bem-vinda ao meu coração antigo, amada Poesia, falante tal o grilo de Monteiro Lobato. Tu és o condão que transforma o pensativo amargor dos quase setenta nas guloseimas da infância, quando eu ia pagar a conta mensal e ganhava a inhapa do dono do armazém da esquina. E saía, em plena gabarolice, com um pirulito no canto da boca, ainda assim, tentando cantar e assobiar uma cançoneta faceira. Para o nosso bem, as raízes estão lá, enroscadas no palatino dos algodões doces, dos folguedos, nos balões de junho, no pulo da fogueira e nos gritos de “gol” no campinho de futebol de defronte. E, à socapa, o fauno imberbe fazia as primeiras descobertas do sexo...
– Do livro ALMA DE PERDIÇÃO, 2009/12.
http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/3646607