Catarse Cretina Com Quebras de Linha Desarmônicas
Grampeador morde a folha.
Aperto os olhos ardidos.
Passo a palma da mão no rosto
Passo as costas da mão no rosto.
Espero. Espero. Espero. Espero.
Nada acontecerá. Tudo está parado
Aqui.
Lá fora morrem mil
Nascem mil.
Sorte nascitura
Sorte natimorta.
Carimbo beija a folha.
Arranco bifezinhos dos cantos dos dedos
E cuspo num post-it pendurado no PC,
De um recado que nem sei mais do que
Se trata.
Enquanto espero
E nada acontece
Enquanto vou morrendo
E nada acontece.
Enquanto envelheço
E porríssima nenhuma
Muda.
Nessa paisagem de canos de metais
E portas fechadas com cofres dentro
E portas corta-incêndio que abrem pra cá
E extintores que se foram e não voltaram;
Tudo refletido nas janelas de dois metros.
Tudo endossado por essa minha cara de
Quem transou, bebeu e comeu demais
E dormiu de menos
E que só quer saber de chorar miséria
Na cama quente, há 30 quilômetros
Dessa porra de lugar
Do caralho.
Clipes abraçam as folhas.
Elásticos amarelos também.
E-mails chegam
Enaltecendo a minha prepotência
E-mails chegam
Não compreendendo meus sofismas
E-mails chegam
Querendo meu pescoço
Enquanto dou de ombros e suspiro
De maneira altaneira.
Imbecis.
Imbecis.
Imbecis.
Imbecis.
Que não sei em que casulo vivem
Que não sei em que planeta vivem
Onde não existe um lexicógrafo
Que possa explicar o significado
Da palavra "idiossincrasia";
Ou mesmo um babaca qualquer
Que saiba explicar o que é um conceito
SUBJETIVO.
Ácaros atacam a rinite
E eu
Espirro. Espirro. Espirro.
Espirro.
Espirro.
Espirro.
Se paro de espirrar
É porque tirei blusa
E se tirei blusa
Nesse calor de 10ºc
Eu também espirro
Mas com coriza.
Ou estou extremamente afogado num lodaçal denso
Ou o mundo é assim, meio esquisito, mesmo.
Onde o objetivo - como antítese ao subjetivo - é igual
Para todos?
Folhas são rasgadas, e choram irritando meus ouvidos.
Catarses cretinas com quebras de linha desarmônicas
Cansam os olhos de quem as lê.
02/05/2012 - 18h15m