alcova

Estou lendo seus pergaminhos.

Estou reabastecendo minha ansia de beber seu sangue

Que continua quente e evapora enxofre poéticos.

Quero esse sangue corroendo as veias do meu ser

Que na fúria de quebrar sua lápide,

Treino minha espada nos crânios, ossos,

e

Corpos de seres quadrúpedes,

Alados,

Feiticeiros,

Deuses e

Homens...

Nenhum deles são pários para a ânsia de minha espada

E,

Quando extremecer sua crípta, e da mármore

Fria

Estilhaçar seu sarcófago

Deito-me

Entre seus ossos,

E meus lábios

Vomitam o sangue da saudades

Sobre seu crânio liso.

Seus dentes alvos sem lábios, sorrindo pra mim

Começa a formar sua carne fria,

Primeiro:

O mofo, o fedor de nossas ilusões,

Depois os vermes macrófagos invadem

Todo o seu esqueleto...

Eu aguento firme, olhando no seus lóbulos oculares

Já vejo a retina dos teus olhos a brilharem.

Seus lábios secos e rachados voltam

A serem vermelhos rubros e ardentes

Seu corpo,

Como numa gênese bioquímica acelerada

vai de formando diante de mim,

E ao seu primeiro suspiro seus dentes gravam

Nas minhas artérias e meu sangue

Te sustenta, te torna bela

De carne branca, quente, pálida e

Vigorosa.

Assim Menellau

Fecha os olhos e sente o frecor da primavera

Porque sua tumba se torna

Uma alcova perfumada.

Seu corpo entre trapos

Se torna o melhor prêmio do guerreiro

Porém, nada disso teria sentido

Se Menellau não ansiasse

Primeiro por sua alma.

Esse é seu primário

Alimento.

...

Menelau
Enviado por Menelau em 30/04/2012
Reeditado em 30/04/2012
Código do texto: T3641286
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