alcova
Estou lendo seus pergaminhos.
Estou reabastecendo minha ansia de beber seu sangue
Que continua quente e evapora enxofre poéticos.
Quero esse sangue corroendo as veias do meu ser
Que na fúria de quebrar sua lápide,
Treino minha espada nos crânios, ossos,
e
Corpos de seres quadrúpedes,
Alados,
Feiticeiros,
Deuses e
Homens...
Nenhum deles são pários para a ânsia de minha espada
E,
Quando extremecer sua crípta, e da mármore
Fria
Estilhaçar seu sarcófago
Deito-me
Entre seus ossos,
E meus lábios
Vomitam o sangue da saudades
Sobre seu crânio liso.
Seus dentes alvos sem lábios, sorrindo pra mim
Começa a formar sua carne fria,
Primeiro:
O mofo, o fedor de nossas ilusões,
Depois os vermes macrófagos invadem
Todo o seu esqueleto...
Eu aguento firme, olhando no seus lóbulos oculares
Já vejo a retina dos teus olhos a brilharem.
Seus lábios secos e rachados voltam
A serem vermelhos rubros e ardentes
Seu corpo,
Como numa gênese bioquímica acelerada
vai de formando diante de mim,
E ao seu primeiro suspiro seus dentes gravam
Nas minhas artérias e meu sangue
Te sustenta, te torna bela
De carne branca, quente, pálida e
Vigorosa.
Assim Menellau
Fecha os olhos e sente o frecor da primavera
Porque sua tumba se torna
Uma alcova perfumada.
Seu corpo entre trapos
Se torna o melhor prêmio do guerreiro
Porém, nada disso teria sentido
Se Menellau não ansiasse
Primeiro por sua alma.
Esse é seu primário
Alimento.
...