Vem até mim o perfume intenso de jasmim, que fora de tempo floriu. Chega trazido pela brisa cálida da tarde outonal, fazendo flutuar a alma em lembranças. Na paisagem ao longe, ainda consigo divisar o horizonte por detrás de algumas sombras, mas as estrelas estão muito longe de meu coração hoje. Cansado ele está pela divagação a que se submeteu, a emoção que o pega sempre que vem a saudade de algo, mesmo que ela não seja sempre a mesma. Sim, minhas saudades são várias, sortidas como se diz, posso escolher qual irei deixar tomar meu pensamento, a ponto dela lancinar minh'alma com sua garra pontiaguda ou a que posso apenas passar de leve, sentindo-a, como agora, junto ao perfume noturno duma boa solidão. Não é dolorida, mas pega de surpresa, apertando em um nó a garganta, fazendo com que momentos que se foram retornem tão nítidos, como um quadro colorido mas visto ao longe. Saudade de que? Do que? Não sei...ela apenas é saudade e não tem definição.
Algo se passa no recondito d'alma que faz isso, uma vontade de voltar o tempo para saber ou viver de novo algum instante, mas sabendo que enquanto isso já se prepara nova saudade, a deste instante aqui em que escrevo, pois assim é a vida: sem pausa, uma canção que segue afinada ou não, sem deixar que se pare nada...até quando a última nota for timbrada.
Saudade é canção enclausurada no peito, sufocando e ao mesmo tempo dando oxigenio para seguir.
Saudade é o espaço entre o olhar e o coração, que tatuaram em si o que a vida ofertou um dia, quer tenha sido bom ou nem tanto.
Saudade é conjugar no presente um tempo passado ,revivendo fatos como se tudo estivesse ali presente de novo.
Saudosismo sadio, sem neuras, nem lágrimas, apenas uma viagem para dentro d'alma que se perde, no labirinto de emoções que ela vivenciou e gosta disso. Ah...saudade !

27/04/12


Marilda Lavienrose
Enviado por Marilda Lavienrose em 27/04/2012
Reeditado em 04/08/2013
Código do texto: T3636733
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