Deve ser bem depois daquele ermo
Que minhas palavras encontram as tuas.
E voltam de mãos dadas, caladas, sem meio-termo.
E voltam encantadas, cantam, dançam e estão nuas.
E se entregam ainda puras por essas desabitadas ruas
As minhas e as tuas, todas as duas, palavras cansadas,
De nós arrancadas a ferro e fogo no frio das madrugadas,
Quando a emoção marcada que no silêncio se insinua
É termos nossas mãos manchadas de sangue, encruadas.
E queremos o que ainda vem depois das dores passadas...
Deve ser depois da palavra proferida
Que em nós a coisa silenciada é dita.
Deve ser depois da morte nenhuma vida,
Deve ser depois da vida essa coisa maldita,
Poesia feita desses olhares que se perdem,
Dessas paisagens tristes que todos esquecem,
De coisas que não se pedem. Que nos impedem.
Desses amores tolos de que só os tolos padecem.
Deve ser por esses momentos tão desperdiçados,
Esses verdes, esses versos, esses azuis, os dias
E as noites, as árvores e as tardes, esses rios,
Essas vontades feitas de vontades as mais insanas,
Falta de vontade de viver, vontade de morrer,
Depois dormir, acordar, renascer, deixar de ser.
Essas vontades desencontradas de seus motivos,
Esses ousados voos, mergulhos, esses olhos fechados
Adivinhando o belo e o horrível diante do espelho,
As voltas, as revoltas, as partidas sem despedidas.
Esses versos sempre vermelhos que nos trocamos
Sempre onde nos perdemos e nos reencontramos,
Que há de ser sempre o lugar em que nunca estamos,
Onde nos tocamos, nos trocamos, bebemos, dançamos
E onde confirmamos certas juras com que nos amamos
Nosso amor num completo silêncio e absoluto segredo,
Sem medo de qualquer verdade com que ainda sonhamos
Porque tudo o que sonhamos está fadado a virar poesia.
Algum dia...
E poesia é tudo o que ainda nem imaginamos.
Que minhas palavras encontram as tuas.
E voltam de mãos dadas, caladas, sem meio-termo.
E voltam encantadas, cantam, dançam e estão nuas.
E se entregam ainda puras por essas desabitadas ruas
As minhas e as tuas, todas as duas, palavras cansadas,
De nós arrancadas a ferro e fogo no frio das madrugadas,
Quando a emoção marcada que no silêncio se insinua
É termos nossas mãos manchadas de sangue, encruadas.
E queremos o que ainda vem depois das dores passadas...
Deve ser depois da palavra proferida
Que em nós a coisa silenciada é dita.
Deve ser depois da morte nenhuma vida,
Deve ser depois da vida essa coisa maldita,
Poesia feita desses olhares que se perdem,
Dessas paisagens tristes que todos esquecem,
De coisas que não se pedem. Que nos impedem.
Desses amores tolos de que só os tolos padecem.
Deve ser por esses momentos tão desperdiçados,
Esses verdes, esses versos, esses azuis, os dias
E as noites, as árvores e as tardes, esses rios,
Essas vontades feitas de vontades as mais insanas,
Falta de vontade de viver, vontade de morrer,
Depois dormir, acordar, renascer, deixar de ser.
Essas vontades desencontradas de seus motivos,
Esses ousados voos, mergulhos, esses olhos fechados
Adivinhando o belo e o horrível diante do espelho,
As voltas, as revoltas, as partidas sem despedidas.
Esses versos sempre vermelhos que nos trocamos
Sempre onde nos perdemos e nos reencontramos,
Que há de ser sempre o lugar em que nunca estamos,
Onde nos tocamos, nos trocamos, bebemos, dançamos
E onde confirmamos certas juras com que nos amamos
Nosso amor num completo silêncio e absoluto segredo,
Sem medo de qualquer verdade com que ainda sonhamos
Porque tudo o que sonhamos está fadado a virar poesia.
Algum dia...
E poesia é tudo o que ainda nem imaginamos.