Primavera em abril
Não sei mais como retornar a ti, saber de você e de seus sonhos, de seus anseios. Há um tempo tão longo e tantas coisas vividas entre nós que fica difícil lembrar-me do teu eu, tão meu... Sei bem o quanto eras sonhadora! Sonhos de viver só. Independência era sua bandeira! Rebeldia era seu esconderijo, era sua forma de não mostrar sua fraqueza, suas dores e mágoas. Menina doce tu fostes, tão frágil e sensível, em cuja pele refletia a cor de sua tristeza, a vergonha de ser, o desejo de não ser, o medo do que iria ser, ter, viver... Crescer parecia tão difícil! Não foi possível, mas não seria fácil, realizar os sonhos meninos, porém, um deles aconteceu: Alguém a amou e a desejou para si. Era agora de alguém! Não era um príncipe encantado: lindo, rico e romântico. Mas era alguém forte, doce e capaz de protegê-la. Outros sonhos foram surgindo junto com outras vidas que se inseriram na sua. Sonhos grandiosos, mas realizáveis. Realizou. Felicidade, hoje ela sabe: é viver em paz, é amar e ser amada, amar a todos e fazer sempre o bem. Assim foi possível fazer uma aquarela naquela tela que parecia apenas preto e branco. Não sei mais ser você, pois a vida me fez EU, essa que se vê agora: madura, forte e com autonomia suficiente para dizer que é feliz. Parabéns para mim, que se refez, que soube aprender todas as lições e fazer da tristeza, alegria; do preconceito, magia; da fragilidade, força e coragem para prosseguir. Hoje, EU estou aqui, tecendo sonhos e vivendo realidade, recebendo o prêmio que mereço: FELICIDADE!