DIÁLOGO ENTRE AMIGOS
Abri a janela do quarto, o sol vinha ainda tímido naquela linda manhã de um azul magistral. Acordei tranquilo bem disposto, querendo, antes de qualquer afazer, dedilhar uma música que me viera em sonho. Olhei a viola ao lado da cabeceira da cama.
- Ei amiga, vamos fazer um som? - perguntei a viola.
Ela retrucou do seu canto.
- Não, no momento estou meditando e necessito de quietude.
A noite não me acolheu muito bem como eu almejava e portanto, meu amanhecer aconteceu recheado de indisposição. Necessito retomar meu equilíbrio antes de qualquer atividade sonora.
- Ah! vamos dialogar algumas frases apenas, somente para desviar o meu cansaço dos pesadelos noturnos e certamente, será benéfico a você também - argumentei.
Embora intrasigente, ela respondeu.
- Tudo bem, eu aceito, mas só se me tocar de leve, bem suave, repleto de ternura, com excessivo carinho e nada muito dissonante.
- Farei como quiser. Posso muito bem entender você. Já notei que o dia nasceu introspectivo e melancólico, portanto exige um som elevado ao sublime infinito; algo que poderá abrandar, pelo resto do seu dia, os efeitos da noite incômodo, estou certo? - ressaltei.
- Exatamente meu amigo - redarguiu a viola.
- Pronta para o amor minha querida dama?
- Sim, não posso manifestar recusa a seu gentil pedido, meu dileto amigo - respondeu a viola.
- Dou o tom, dê o seu magnífico som, cara senhora.
- Então vamos flutuar pelos lindos bosques em flores - finalizei.
Fizemos um longo percurso de alegria e satisfação nas páginas de uma doce melodia.