DIÁLOGO ENTRE AMIGOS

Abri a janela do quarto, o sol vinha ainda tímido naquela linda manhã de um azul magistral. Acordei tranquilo bem disposto, querendo, antes de qualquer afazer, dedilhar uma música que me viera em sonho. Olhei a viola ao lado da cabeceira da cama.

- Ei amiga, vamos fazer um som? - perguntei a viola.

Ela retrucou do seu canto.

- Não, no momento estou meditando e necessito de quietude.

A noite não me acolheu muito bem como eu almejava e portanto, meu amanhecer aconteceu recheado de indisposição. Necessito retomar meu equilíbrio antes de qualquer atividade sonora.

- Ah! vamos dialogar algumas frases apenas, somente para desviar o meu cansaço dos pesadelos noturnos e certamente, será benéfico a você também - argumentei.

Embora intrasigente, ela respondeu.

- Tudo bem, eu aceito, mas só se me tocar de leve, bem suave, repleto de ternura, com excessivo carinho e nada muito dissonante.

- Farei como quiser. Posso muito bem entender você. Já notei que o dia nasceu introspectivo e melancólico, portanto exige um som elevado ao sublime infinito; algo que poderá abrandar, pelo resto do seu dia, os efeitos da noite incômodo, estou certo? - ressaltei.

- Exatamente meu amigo - redarguiu a viola.

- Pronta para o amor minha querida dama?

- Sim, não posso manifestar recusa a seu gentil pedido, meu dileto amigo - respondeu a viola.

- Dou o tom, dê o seu magnífico som, cara senhora.

- Então vamos flutuar pelos lindos bosques em flores - finalizei.

Fizemos um longo percurso de alegria e satisfação nas páginas de uma doce melodia.

Wagner de Oliveira
Enviado por Wagner de Oliveira em 24/04/2012
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