Casa paterna


 
 
Voltar à casa paterna é voltar para o mundo da minha meninice, mas também das necessidades reais, do tempo feito areia escorrendo entre os dedos, da vida que desliza impiedosa, na ampulheta do tempo.
Voltar à casa paterna reabastece minha alma de força e luz, acolhe, mas também preocupa. Pai e mãe necessitando de cuidados, mas teimosamente cuidando dos detalhes que fazem a vida por aqui funcionar com a força das suas presenças.
Voltar à casa paterna é mergulhar num rio de lembranças ternas e especiais. É reencontrar a menina que fui indo e voltando da escola, atirando pedrinhas no caminho que seguia o rio, outrora tão majestoso, hoje um acanhado regato.
Voltar à casa paterna é reencontrar a infância no devorar das frutas, nas histórias contadas na varanda, no contato feliz com bicho, planta e gente, nas alegres brincadeiras de irmãs.
Voltar à casa paterna, por qualquer motivo que seja, será sempre um eterno voltar a mim mesma.