Rastejante
Parada, com o material do ofício
Ela olhava espanatada para trás
Esguia, vestida modestamente
Admirava a relva
Que ao sabor do vento
Balançava-se lenta
Misturando-se a poeira
Que saltava rápida
Da estrada agreste
De repente, fixou o olhar
Na forma estranha da relva balançar
Era verde, diferente, mudava de lugar
Com o olhar estático
Deu um passo à frente
Deixou passar
O estranho ser, que com seu rastejar
Estava a acompanhar-lhe
Aproveitando o espanto
Perguntei-lhe - Não tens medo?
Respondeu-me rindo
-Não, não tenho, já mme acostumei
Desço aquela estrada todos os dias
E aqui fico a deleitar-me com a companheira
Que aos poucos some para mata fria
E eu fico a pensar no meu dia-a-dia
Que passo a modelar a argila
Com a esperança de uma recompensa
Pois o salário de professor
É um quase nada, é uma agonia