Desabafo. Só isso!
E ainda que virasse a mesa, quebrasse os pratos e esfacelasse sua cara, os monstros não deixariam de existir porque eles não estão fora, nem debaixo, nem atrás da cortina. Está impregnado no verme que é você!
Certa feita deparei-me com a mente destilando ódio. Creio que isso mesmo, ódio. Por que não poderia sentir isso se ele bateu na minha cara sem licença? Não no modo que você esteja lendo, mas bateu quando revirou minha alma do avesso com a desconstrução que eu julgava ser sólida.
Foram dias de intensa luta para reverter o quadro que julgava desmoronado. Precisei explodir antes que o cérebro explodisse, precisei gritar ante que as artérias fizessem sua agressão. E veio o esmorecimento dos músculos dando lugar ao possível equilíbrio.
Moído estava o corpo feito carne em máquina de açougue,esfacelada estava a alma porque não imaginara até onde a maldade poderia entremear. Foram necessárias horas e horas de intensa conversação mental ainda que o cérebro indignasse com os acordos ali enviados.
O que doía não era o que haviam levado sem permissão mas o que haviam deixado também sem permissão. Com que direito tolhem sua liberdade? Com que direito invadem seu oratório e apagam suas velas? Digam-me, com que direito?
Chegara o momento das decisões e a cabeça fervilhava na quantidade delas.
Quisera que o mundo não tivesse ruas, nem referências. Quisera que a maldade fosse retirada como os contos sempre me disseram que poderia ser. Quisera simplesmente deixar esta história para trás e traçar uma nova, livre da maldade. Não carregar estes traços, estas linhas, esta onda mental. Apagar de mim, apagar-me..sumir..simplesmente ir pra nenhum lugar assim como este desabafo não sairá daqui.