CERTEZA

Eles estão sempre unidos e sorridentes,

porque sabem, e pior, acreditam piamente,

que nunca serão pegos.

Talvez, e normalmente acontece,

que não serão, mas,

pobres e insepultos seres,

dormem o sono dos aviltadores.

E como seres humanos, envergonham a espécie.

São parasitas morais,

posto que vivem tomados de discursos difusos e fartos de mentiras.

São a súcia que transita pelas cidades em carrões,

e sob suas peles

corre o sangue da criança e do idoso abandonados.

São a erva daninha a danificar o jardim,

e a primavera nunca se lhes chega.

Suas pálpebras não olham as estrelas,

veem no fundo do lago, o lodo que produzem.

E o ar que e respiram,

carrega o vírus da mais pestilenta das pestes.

Mas eles não ligam.

Estão sempre unidos pela causa que lhes é comum,

e o erário que a todos pertence,

como uma bolsa sobre a mesa,

eles roubam

e dividem o botim como em tempos outros.

São párias e nada mais.