Brooke Shaden


Singularíssimo
 
Existiu uma noite em que fui dormir no céu
Queimava-me na febre de um sonho ideal
Ardia entre as labaredas de um desejo suave
A minha volta, nuvens vermelhas como sangue
O meu líquido vital borbulhando em fervura
Havia aquela ternura desprezível em mim
Existia uma vaga fé baseada no nada que digeria
Aquela monstruosidade humana me inundava
Estava imunda naquela noite tão inadequada
Uma noite que passeei pelo horror de bem querer
Aquele repugnante sentimento de docilidade
Aquela abominável sensação de fiel esperança
A expectativa que se passou por guardiã e acreditei
Confiei tanto e com tal ferocidade que acordei
Despertei no meu inferno gelado e ensolarado
Mil luzes multiplicando mil claridades para mim
Não perdi a visão e nem a rota perfeita e concreta
Antes de seguir-me, aquela chuva ácida me purificou
Nela abandonei minha pele, vestes e minha alma
Uma alma contaminada, crente e fervilhante
Entrei no meu pesadelo tão amigável e conhecido
Tomei de volta meu coração lacrado em aço puro
Ainda tive tempo de retirar de mim algum pó celeste
Voltei a minha normalidade; nem doce e nem amarga
Somente uma mistura equilibrada de um intenso nada
Sem nenhuma dose além de noites nubladas de sonhos
Nem de dias claríssimos de realidade; que é singular
Rose Stteffen
Enviado por Rose Stteffen em 21/04/2012
Código do texto: T3624587
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