Profeta das letras
Queria ser ateu, não deu
Tentei ser um cristão, mas foi em vão
Na religião eu nunca me encontrei
Busquei um rei que me guiasse pela mão
No budismo, no islamismo, nos versos de uma oração
Busquei em vão
Na contramão dos sentimentos me perdi
Baixou-me um santo e me levou pra lá de Alá
Deus muçulmano eu não compreendi
Sobrevivi a tantos desenganos
Tal qual cigano fui mudando sem parar
Virei judeu, mas o Rabino não me convenceu
Pensei então num meio para protestar
Por um instante virei protestante, mas logo desisti
Não sei rezar, e muito menos discutir
Desiludido fui parar numa Pentecostal
Universal, Adventista, Batista e Renascer
Virei irmão!
Quanta ilusão em nome de Jesus!
Morrer na cruz, quem é que tem coragem?
Nesta viagem quem quiser que vá sozinho
O meu caminho é paralelo ao do meu povo
Por isso estou fora deste jogo
A mão no fogo jamais colocarei
Eu sou assim
Covarde, egoísta, interesseiro, verdadeiro e falso
Nasci descalço, mas aprendi a proteger meu pé
Perdi a fé, por isso cheguei à conclusão
A poesia é a minha religião