Desnecessário
Queria deixar bem claro que não venho por meio desta falar sobre minha vida. Não venho falar de amores perdidos, ou vividos, nem de tempos áureos de infância.
Escrevo pois na minha vida, não houve nada digno de nota. Nem um sorriso ou uma lágrima se quer, tornam-se importantes à ponto de tomar o seu, o meu e enfim o nosso tempo.
Pois é isso, apenas. Regurgito aqui minha sede do mundo, minha sede do novo e do inusitado. Quero as dores agudas de amor, e as crises de choro no meio da noite. Quero as gargalhadas sinceras e o medo do escuro. Quero tudo isto, quero os extremos, quero as aventuras. Quem sabe assim, eu tenha vontade de fazer alguma coisa além de ficar deitada em minha cama, olhando para o teto o repassando – talvez pela milésima vez – todos os minutos repetidos e desnecessários da minha vida.