É POSSÍVEL AMAR

Foi em um momento de desilusão; desencatada, decidida pelo caminho covarde de não buscar mais qualquer possibilidade.
Foi nesse meu ambiente que, então, conheci você.
A vontade de amar tão bem disfarçada; sem energia... naquele instante pensava somente em envelhecer.
Assim também você se revelou; querendo apenas uma amiga... sem querer qualquer compromisso; cansado dos desencantos.
Mas, havia uma faísca nas entrelinhas de nossa prosa.
Entendi suas teorias tão inteligentes e sinceras, embora desprovidas de desejo ou qualquer alegoria. Não havia desabafo, nem mesmo promessa ou apelo.
Mas uma faísca ainda assim era revelada... não sei se foi o olhar, ou o aroma exalado no ar.
Arriscando... pedi-lhe um beijo...
Corajosamente você me beijou... insegurança recíproca...
Havia sim, em ambos, a dúvida da possibilidade.
O seu tipo físico destoava daquele homem moreno e de olhos escuros que sempre imaginei meu tipo ideal.
Eu também não fazia parte do seu cardápio imaginário de lindas morenas curvilíneas.
Aquele beijo enterrou de vez todos os paradigmas. Tudo que nossa estúpida ciência criou em torno da mistura de raças.
Em tão pouco tempo... um relâmpago de desejo despertou e consagrou a nova tese de possibilidade.
Dois caucasianos miscigenados, de pele branca, descobrimos-nos em um magnetismo inédito.
Era para ser apenas um encontro que deveria durar somente algumas horas.
Desde aquele longo beijo... minha percepção depois de muitos e muitos beijos por mais de ano é a prova mais concreta...
Sim!
É sempre possível amar novamente.