.:|O QUE PERDES QUANDO PISCAS|:.
E lá, perdido
Em algum lugar jazia...
Talvez num livro velho
Ou numa agenda vazia
Ele era tão perfeito
De andamento cadenciado
Mas como pode sumir
Deste jeito?
Sem mesmo estar
Terminado?
A natureza do verso
[Suprema]
Fugaz como a do amor
Rima com a do acaso
[Perverso]
Co'a da alegria
E da dor
Some sem dar desculpas
Só culpas
Nem mesmo satisfação
O verbo é tão controverso
Quanto o sujeito da ação
Seja a ação amor ou verso
Tanto faz
De natureza fugaz
Ao vento é lançado em meio
Parte fica, parte vai
E some em meio ao breu
Da vida tão bagunçada
Quanto oração de um ateu;
E o verso que tu perdeste
O amor que só, se perdeu
É tempo que tu te deves
E que agora é todo teu.
E que perdes procurando
Em meio à caixas vazias
Uma a uma reviradas
Tão ocas, feias, tão frias
Trazendo a clara certeza
Que se tu te preocupasse
De tal modo em se amar
Tanto quanto em escrever
Talvez não se dissipasse
O amor e cada verso
Que teimas por a perder.
.:|Ricardo|Vieira|:.
09abr12