O poeta e a mulher.
O poeta e a mulher.
Eu ando um tanto afeito à melancolia.
Um filósofo não produz nada embriagado por qualquer sentimento, que não seja a sede voraz em busca da verdade. Os sentimentos ficam para as mulheres e para os poetas; estes dois seres melancólicos e ébrios, que nem sempre sabem se relacionar com a realidade dura e fria. As mulheres: vivem a sonhar com um amor perfeito, em busca do prazer celeste, e ainda querem este prazer acompanhado do êxtase romântico, na garupa de um príncipe encantado.
O poeta é mais tolo, mais inocente que as mulheres ingênuas, que acreditam no amor dos homens. O poeta acredita no amor romântico e na divindade das mulheres. O poeta fez da mulher sua única esperança de salvação. Foi duplamente ludibriado: por crer no amor, e por ter criado o lirismo fez dele sua máxima crença, e objeto de prazer. O poeta é culpado por toda sorte de desilusão amorosa por ter disseminado a crença em um “deus” que não tem o poder para salvar quem nele acredita. O poeta é o profeta da ilusão, falso mensageiro de más noticias, infeliz é, quem nele acredita.