QUADRO
QUADRO
O vento frio sopra lá fora. A chuva cai silenciosa e aos poucos as ruas tornam-se lamacentas e escorregadias. Os passarinhos emudecem, permanecendo encolhidinhos nos galhos grotescos das árvores. Mamãe passarinho na tentativa de proteger os seus filhotes se ajeita no ninho aconchegando as asinhas, seus olhinhos já não brilham como outrora. Toda a natureza se curva vencida. Das folhas pálidas caem pequenas gotas, parecem lágrimas... As pessoas passam tropegamente pelas ruas, olhos apagados, lábios sem sorrisos, sem nada... É o inverno impetuoso, áspero e rude. O vento frio que entra pela janela, audacioso me acaricia o rosto, penetrante percorre-me o corpo ameaçando destruir meus sonhos e congelar minh’alma.
Estou só. Terrivelmente só.
Naarinha
Transcrito em:
12/1998
Como original. Apenas correções verbais e ortográficas.