FOGÃO DE PEDRA
Deu-se que o tal vento,
foi soprado lá...da boca do mar.
E veio à bem dizer, fornecido de certa brabeza!
No tanto que encrespou a maré por demais
e pros lados do caís, desfeitiou barcos e pescadores.
Trouxe de laço, umas nuvenzinhas carrancudas,
que de pronto, enfeiaram o teto do céu.
Na praia, deu de ruir as dunas,
prÁ desenhar outras mais no adiante.
Um fazer, bem à gosto dos ventos nessas bandas.
Despois assobiou ruma à Vila.
Lá promoveu escarcéu de calibre:
torceu e retorceu tudo que era qualidade de árvore,
remoeu telhas e alpendres.
E na praça da matriz, prá deleite de quem espiava,
buliu com meia dúzia de rabo de saia!!
Esvoaçou, jogou capoeira
e no feitio de moça bailarina, desatinou a rodopiar.
Pois então, passou reto, fez curva
e foi dar de proa lá em casa!
Chegou já vadio e deseducado,
bateu janela, bateu porta;
deu de ombros prás tramelas.
Rompeu de supetão na cozinha,
crepitando a lenha do fogão de pedra,
tal e qual disparo de garrucha azeitada.
Tomou posse dos arredores,
se espichou pelo corredor,
e foi me apanhar lá no quarto,
abaixo da quinta costela.
Lesto, abriguei-me nas cobertas,
posto que golpe de vento mirolha
Há precisão desse proceder.
Apois se não , é fervura de terçã na certa.
Mas me apertou uma dessas tristezazinhas,
que foi enchendo...enchendo..toda cama.
E quando quase virava soudade,
é que fui me aperceber:
Não é que o danado do vento, trazia na garupa
um tantinho assim do cheiro bom DELA.
BARCEL FERREIRA