A FALA DA CONFRATERNIDADE

(aos 40 anos das Casas de Poetas)

É sempre assim. Quando converso com alguém ou me fixo em algo que faz parte do universo afetivo, palavras são lenços acenados no cais da saudade. São estandartes de vida, ânimo e coragem, mesmo que contenham o gesto líquido das pálpebras. É o templo dos abraços. Nunca cabem numa única mão. E esta entrega absurda ao universo do outro não ocorre por acaso. Há imensas provisões de ternura nos insondáveis guetos do coração e no palatino da memória. Estas – que as tenho em mãos agora como uma bênção – balbuciam como a Pátria, só sabem amar. Extasiar-se é sua missão. Basta abrir a aura e permitir o toque. Ah, esses meus irmãos poetas, cavalheiros do abandono, das coisas e dos inferno!

– Do livro OVO DE COLOMBO. Porto Alegre: Alcance, 2005, p. 17.

http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/35911