DOCE VESPA AMOROSA.

 

25/01/07

 

 

 

Senhora Mendonça,

 

 

 

Abelha dourada branca e oriental, tu deves saber que em tuas revoadas, continuas zumbindo ébria de mel em minha vida.

Quando eu te vejo e, com os devidos espantos, dos teus cabelos chispam luzes.

Cruzes!

De onde viestes?

Pois ainda vejo o vestígio de polens que tremeluzem nas tuas melenas, por certo, foram aspergidos em tuas andanças de flor em flor.

Ó minha vespa, eu te quero por linda e por olhos de mel!

Diga-me, por favor, em que jardim ou floresta tu sugas o néctar que te deixa sempre mais linda?

Por isso, eu te quero por linda e por vespa amorosa.

Inocula em mim a tua poção misteriosa e me envenena com o teu amor!

Ó amorosa!

O teu sorriso é imenso, pois assim eu o mensurei na medida desejada, para que ele tomasse e ficasse do tamanho dos meus sonhos.

Ó silenciosa!

Onde estão escondidos os teus seios?

Esse talvegue santo onde pousam os meus desejos ocultos.

Esse desfiladeiro morno que duas luas brancas inconhas criaram e, nessa depressão amorosa, um verdadeiro vale de suspiros tu deténs um aroma tépido de amor.

Ó vespa encantadora!

O teu corpo místico e encantador é um sepulcro vivo de tentações e, indefeso ante a carne frágil, eu me prostro subjugado para colher algas nesse caminho de luxuria santa e inexaurível.

Ó encantadora Cleópatra!

Corpo branco e macio, cuja pulcritude sempre se acha em festa, pois nele estão contidos os caminhos de lua, o oásis santo do teu púbis novo, as trilhas do deserto e os sucos de maçã.

Um oásis perdido para onde me levam as veredas desérticas da solidão e, nesse deslumbramento, eu me perco na íntima soberania dos teus amores.

Ó deusa Maat!

Irmã de Rá, deusa às avessas, pois foi contigo que perdi o senso de justiça e equilíbrio.

Ó lépida e graciosa!

Venceste tu a Marco-Antônio, o tribuno invencível e, em setembro, me amaste com toda luxuria de uma deusa despida da pluma que ornamentava a tua cabeça mítica.

Ó vespa mítica, ainda te contorces grávida de anseios, pois do branco lótus do Nilo não conseguiste saciar todos os teus desejos no indizível néctar.

E assim:

De lembranças por lembranças, beijos por beijos, carícias por carícias e fúria por fúria, eu vou perseverar na senda que me levará sempre ao teu oásis de amor.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 25/01/2007
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