Traga-me!

Traga-me uma taça, alegria, que o dia já se vai... Se vai com os sonhos que não realizei, com os amigos com quem não falei, com a luz que a lugar algum me conduziu.

Traga-me, noite! Conheço bem seus açoites e deles me desvio bem, bem melhor que dos açoites dos homens despeitados, revoltados, por eu ter conseguido mais que eles, mesmo tendo largado atrasado na corrida, por causa da pobreza que me aguarrava ao calcanhar... Pausar para pegar Ar?! Já me tomaram o meu e não morri...

Traga-me, morte, vida! Traga-me, vida, morte! Traga-me! Traga-me, consorte amada, pois com sorte, me sinto hoje e se tiver deveras sorte, consorte minha, este morto-vivo que vos fala, decidirá afinal! Ahhh, nem lá, nem cá, me cansei de me deitar por sobre o muro! Só urro de dor, não percebe?! Arrghhh! Cansei de ser eu! Por ser eterno, só me resta me reinventar...

Traga-me, mar, meu derradeiro amor, ou traga-me! Se traga-me, mar, a mim certamente me trará, eu...

Baco Diphues
Enviado por Baco Diphues em 30/03/2012
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