A mais gelada das febres
Vamos ande logo, não diga que sou rude!
Vamos que o pano com água fresca secou!
A Febre da descrença arde em meu corpo em meio a espasmos.
E eu não quero levantar!
Escrever palavras lindas em meio a uma tempestade é doce.
Porém se torna fatal quando se vê que nem o raio vem-lhe brindar.
Nem as ondas grandes vêm-lhe mover.
Nem o amor vem-lhe ouvir.
Larguei o papel!
Larguei a caneta!
Pois escrever sonhos me faz mal.
Sinto-me iludindo e iludido.
Porém a pele irá cortar, o sangue irá verter, mas até o fundo eu irei e deixarei que vá.
Pois quero ver onde este estado ira-me levar.
A que horror que ele estava não é?
Coitado tão novo.
Que lindo formoso.
Que Amor de menino!
Que homem de amor e bom de amar.
Que coração sensível
Que coração visível!
Que coração confuso!
Que coração injusto!
Injustiça? Garanto que injustiça maior foi a que ele fez comigo e não teve dó.
Transformou-me na semelhante passagem do viajante pelo deserto, que na busca sedenta pela água a vê e sente seu gosto, porém na realidade se engasga com a areia.
Quem deixou dele? Qual desilusão lhe abateu?
Pois eu respondo que a minha desilusão é a maior de todas, pois é o conjunto de todas do Mundo. De todas do dia. De todas da Noite. De todo o Amor.
Pois sinto a dor dos amores frios que não deram certo. No segundo que os olhos amantes deixam de brilhar e verem o mundo florido e se tornaram vazios e sem Vida, sentindo assim que o amor terminou claro isto se algum dia existiu.
Hoje aqui estou e a vantagem que posso lhes dizer é a do resultado do delírio que está febre me provoca. Amor na Terra apenas houve um. Amor de um homem por todos. Aquele que nos salvou. O resto é delírio de loucos como eu. Porém se o amor não rendeu meu martírio nesta caminhada sem flores. A loucura o fez. E não mais sentirei, não mais verei e mais que isto saberei. Estou louco e doente, porém Livre. Deus tenha piedade de Mim, e de minha nova jornada cética. E tenha mais piedade do amor entre todos. E dos sonhos de poucos.
Resolvo deitar a caneta. Findar o papel. Sigam o caminho de vocês. Afinal sou apenas um louco transpassando a barreira delirante desta febre que me acomete. Esta febre que me acompanha.