VISITA INESPERADA

Tomado de algo inesperado,

eis que divago noutras paragens,

sou, por assim dizer, um andarilho,

e nessa andança que me leva

a caminhos nunca antes percorridos,

só me resta a palavra salvadora da minha,

igualmente, inesperada solidão

Não comprazo dessa companheira invasora,

porém, sendo ela fiel companheira nos momentos meus íntimos,

me entrego,

de peito aberto e sem resistência,

e sigo no seu colo,

qual criança embalada para o sono tão necessário

Queira na inesperada visita,

o acalanto no seu colo encontrar,

se porém, não for eu merecedor

e as palavras faltarem,

como a água ao solo seco,

já nada poderei queixa ou maldizer pronunciar

Porque se da minha solidão

não retenho pensamentos outros mais nobres,

o que poderei reclamar?

Todavia, se ao premio a mim destinado,

só posso esse compromisso assumir

que dele farei meu pote de ouro o mais valioso

É que se minha alma se atribula,

onde buscarei respostas

senão nesse instante primoroso?

Ora, pois,

dirão outros menos atentos,

que cada instante não retem mais que aquele instante,

mas lhes escapa a principal razão

que o segundo advém com revestidos sentimentos

Calarei sob silêncio a mim imposto,

porque andarilho que sou

é em cada parada que me faço mais gente