NO PROFUNDO LAGO
        DA MEMÓRIA

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       Tantas vezes me invade a sensação dos sonhos que tive,mas eles escapam assim à mão da
memória,minúsculos seres
 escorregadios, que ora se aproximam, ora se afastam, em um lago transparente e vago...

   Assim parece também que não queremos de  verdade lembrar deles, como da mesma forma muitas vezes não
desejamos o encontro com o amor, ainda que isso nos fascine e transtorne. Parece que, no vislumbrar desse voo de asas longas, tal ousadia nos assusta e intimida, e vem o temor de nos perdermos para dentro do mistério desse desconhecido  sentimento.  Então permanecemos na emoção da espera, como quem antegoza o paraíso avistado de um local seguro...

    Ainda em outro momento,  alguém pode estar ansioso por
 encontrar um poema, escrito  e guardado em uma folha esquecida há muito em um livro, mas talvez não queira mesmo encontrar finalmente o livro e o poema na folha...
   Pois certamente o encontrando, ele possa parecer estranho,ou desconectado da expectativa, já que a emoção antiga agora está submersa, tendo se perdido pelos trajetos intrincados da memória.
   Dessa forma, muitas vezes temos a sensação de ter sonhado algo extraordinário e, ao finalmente lembrar, percebemos que assim em vigília, o que nos vem dos sonhos é apenas a matéria bruta, e o essencial, o fluido cenário, o vapor da refinada emoção ficou nas profundezas insondáveis, ah, não direi do inconsciente, mas então pra onde vão as coisas de que nunca mais lembraremos?

tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 24/03/2012
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