Paranóia
É como louco que vejo um mundo com coisas onde as coisas não existem. São momentos apenas, mas chego a gostar de estar fora de órbita. Uma moto que para naturalmente poucos metros à frente é uma ameaça da qual não adianta correr. É como entrar no inferno sem sair da dimensão em que estou. Um carro que estaciona enquanto passo quer passar sobre mim e me deixar ali. Isso é um estágio apenas.
Outro é quando me vejo fora do chão e quero estar em um mundo qualquer que as estrelas parecem esconder. Fato é que para estar lá preciso sair daqui. É quando o corpo parece uma prisão e a morte sua mais sublime porta para a liberdade. Nesses dias estar feliz é impossível e a vida na superfície da Terra é superficial demais para alguém tão pronto como eu para voar.
Outra sensação que me acomete é estar como outro dia sentado, olhando para meus braços e pernas e vislumbrando meu próprio espírito dentro de mim, falando que estou dentro de mim, mas que somos substâncias diferentes, num mundo que não é de ambos. Uma parte quer sair e mesmo que não saia diz, como quem grita, que está presa. Tudo isso é tão sutil que soa verdadeiro quando me dou conta. E não parece mentira quando termina.