NEM NINGUÉM
Que lhe importa se me dói se é em mim que dói?
E o que importa se tanto me falta o tanto que me falta, se você tem?
E o que de fato importa qualquer alguém não importar a alguém assim
Tão sem importância também?
Deve ser essa minha natural antipatia
Sou desses que não cheira nem fede
Desses que passam e ninguém liga
Desses que falam e ninguém escuta
E não sou filho desta, esta mesma, a santa...
Sou desses que se mostram e ninguém vê
Mas também sou daqueles
Que não vieram ao mundo para agradar a ninguém
Os poetas tem essa distração absorta
De modo tal que parece beirar a arrogância
Mas deve ser mesmo somente distração
Ou talvez eu seja mesmo antipático
E não me sirvam os disfarces de simpatia
E há muito já passei da fase de passar vontade
Tanta satisfação que tem que se dar para existir
Tanto trabalho isso dá, tanta dor de cabeça, chateação
Eu não, eu prefiro só existir e pronto! Já me basta...
Essa droga da linguagem, que inventamos, afinal
Só para explicar o que não sou, o que não sinto
O que não tenho, o que não penso, o que não digo
O que não suponho e não componho e nem pressinto,
Essa linguagem toda para disfarçar o que eu minto
Só que antes de dizer eu sinto...
Que lhe importa se me dói se é em mim que dói?
E o que importa se tanto me falta o tanto que me falta, se você tem?
E o que de fato importa qualquer alguém não importar a alguém assim
Tão sem importância também?
Deve ser essa minha natural antipatia
Sou desses que não cheira nem fede
Desses que passam e ninguém liga
Desses que falam e ninguém escuta
E não sou filho desta, esta mesma, a santa...
Sou desses que se mostram e ninguém vê
Mas também sou daqueles
Que não vieram ao mundo para agradar a ninguém
Os poetas tem essa distração absorta
De modo tal que parece beirar a arrogância
Mas deve ser mesmo somente distração
Ou talvez eu seja mesmo antipático
E não me sirvam os disfarces de simpatia
E há muito já passei da fase de passar vontade
Tanta satisfação que tem que se dar para existir
Tanto trabalho isso dá, tanta dor de cabeça, chateação
Eu não, eu prefiro só existir e pronto! Já me basta...
Essa droga da linguagem, que inventamos, afinal
Só para explicar o que não sou, o que não sinto
O que não tenho, o que não penso, o que não digo
O que não suponho e não componho e nem pressinto,
Essa linguagem toda para disfarçar o que eu minto
Só que antes de dizer eu sinto...