As Alucinações Paranoicas

Eu nego porque quero outro. Porque nada disso quero. Não quero e não sou e não sou porque não quero e não quero porque é falso. Ninguém ama o falso. Mas muitos aceitaram o falso como modalidade de vida e a alienação o concebeu como verdade. Que toda cultura tenha sua modalidade de verdade, eu acredito, mas, está é uma modalidade de verdade pela doença, pela usurpação, e pelo estupro e pela violação de si e do outro. Quem pela vontade de inserção e em nome da sobrevivência já não teve que negar de si para existir no mundo para não morrer de tristeza, de solidão de abandono e até de fome? Deve de aceitar ser outro por que o que era para si não era culturalmente uma valor existência. Portanto, verdade pela doença. Cultura da ditadura do sentido e do significado, da racionalidade e do lógico. Ditadura do sentido já dado, do ser que é, da verdade ultima e niilista. Ditadura do lógico e do racional que é em última instancia do real cultural feito real para alienar qualquer coisa que será verbalmente segregada na palavra Mentira, Utopia, ou com psicologias e psicanalises que mais alienam a vontade e o desejo que propriamente comunicam. Eu sei que querem que eu explique o meu pensamento, querem-me dissertativo e eloquente, querem que eu seja mais claro e, este, é o meio mais vil e mais cruel de falsidade para com a vida. Querem que eu me explique e explicar-me é o modo como querem não me entender, artimanha para não me ouvir. A modernidade é uma degeneração da vida biológica e portanto da vida afetiva do homem da qual sinto enorme falta, isto é, falta de verdade de olhos e de espírito, falta de amizade e confiança. E não são os valores que se perderam e nem o homem que perdeu seus valores mas é a vida que perdeu seu valor e sentido. Não são os valores que são outros e nem o sentido ou o significado de viver que se transformou como se diz hipocritamente e superficialmente entre os intelectuais que mais dissimulam que pensam, esta mania sofista que se arrasta, mas é a exigência sobre a vida material que cega o homem. Isto não é uma mudança de valor, é, antes uma opressão que vem das mãos invisíveis que nos ordena para trabalhar, para ser, para possuir, é esta voz que fala no fundo da mente e que cria as baixas e altas estimas, que produz a soberba. Não é a mudança tecnológica, é a mentira discursiva que vende esta ilusão e isto não é uma mudança de valor é a aceitação de uma perversão de um sobre o outro. Quando o ficará melhor, então? Por que eu daria esta resposta? Que sei eu de melhor a humanidade, os homens não são nada, e nada podem fazer por si mesmos, estão alienados, o cego conduz o cego, o mal ensina o mal, o homem não se liberta, e quem poderá libertá-lo sem aliená-lo? Porém, sobretudo quando não houver mais esta necessidade de ser grande, brilhante, forte, poderoso. Quando não houver mais esta necessidade de alimentar e saciar a proposta de uma ilusão que é ilusão desde a sua concepção, desde a sua imaginação perversa e promiscua. Quando possuir perder sua força venenosa sobre as veias e suas mentes humanas apodrecidas. É esta vida adoecida que corrompe o homem, isto é, o influencia a decidir. Todo este discurso social que forma a cultura aparece sempre em um momento de tensão e de escolha em que o homem tem que avaliar e pensar e julgar sobre o seu futuro e alí, neste espaço um espírito imundo parece surgir de detrás dos ombros para soprar a mentira e o corpo sede para ser adoecido e debilitado pela promessa, proposta erótica de uma sociedade sem sexo e sexualmente paranoitizada, pornografizada. Quantas contradições tem minhas palavras? Quantos erros? Quantas incoerências? Não sou justo nem sano? Nem claro nem preciso, nem objetivo? Não sou justo e ainda mal educado? Vão para a bosta com a educação, este meio político e jurídico de dizer ou não ouvir o que convém. Sou o que sou: um pestilento sobre a vida que passa os dias se coçando e assistindo da janela a pornografia dos gestos cotidianos que desfilam nas calçadas, e as taradices curiosas de onanistas e putanheiros. Vão dizer que estou errado. Isto porque os homens ainda preferem discutir as miudezas do debates para assim não perder o poder que tem, para ganharem tempo, para dissimularem e para falar mal de quem fala. Eu falo, eu sou o vilão. Porém, eles hoje já não vão me matar, jamais, vão, simplesmente, rir de minha sanidade torpe e paranoica. Pois, eu sou um alucinado, uma neurótica, um alienado autêntico, a loucura construiu aqui cada palavra, cada sangue. A origem, no entanto, desta loucura de onde vem? Que fios ligaram-me a ela e onde se ligam e alimentam tais fios? Vem de vossas casas, de vossos leitos matrimoniais sujos molhados do melado da vagina alheia que mancha o seu pensamento, mancha a sua vida e perverte o corpo da sua mulher, pervertida pelo mesmo homem que perverteu seus filhos e os meus filhos, e toda a geração que hoje vive, pois ele perverte em tudo o que toca pois em tudo é infiel a tudo e quer de tudo apenas o que pode roubar, estelionatar, estuprar, mentir, dissimular, para alimentar todo este sistema perverso e desviado que mantém a vida e o poder de quem alastra a corrupção. Mãos pervertidas que assinam públicos documentos e direitos humanos. Pois quem está no poder quer o poder. Cabe a mim dizer com palavras vis e não justificar-me, quem conhece estas palavras não as conhece de ter lido pois está em si mesmo e ao lerem o amargo e o odor de minha palavra tiram de si a expressão de si mesmo. Eu não escrevo para ser lido e compreendido, mas para ser encontrado e eu só posso ser encontrado por pessoas que se buscam, pois eu estou em um mundo perdido com todos os que perdido querem denunciar a maldição de ter de viver em mundo e de fazer parte de uma cultura que exclui , cataloga, taxonomiza e mata. Cansei-me do belo e sei que o feio habita a vida. Hoje em dia, não é o belo que fala da vida, que revela a vida, que é a vida, mas o feio e isto porque é a merda que fala da vida e a merda fala da vida que come e que bebe e faz amor, se cospe ou se engole e das diferenças espermatogramáticas cujo cartorário terá dificuldade de pesquisar, e não mais as lindas águas transparentes que reluzem o sol e nem o cheiro das plantas que são como um perfume de eternidade que inunda a terra. A poesia dissimula a vida. A beleza engana a vida e falsifica a beleza da própria vida. A beleza mente. Quem gosta de poesia gosta de mentira, quem gosta de beleza é escravo de tudo e é no belo que gosta de se enganar. A verdade hoje e o que salva hoje é o feio: o feio resgata a vida, aniquila a vida, chama de volta a vida. É necessário não temer e dizer não a vida tal como ela esta dada, eu não aceito. Esta eu não aceito. O mundo tal como está é corrompido. É necessário renovar não mais a vida, mas destruí-la, não creio hoje nas salvações das reformas, que são administrações que mantem os poderes nos poderes para a opressão e para o encobrimento do que fede, do que cheira mal, do que é apodrecimento. São as manobras que administram minha insatisfação e meu ódio. O mundo acabará em guerra, pois não há salvação. Eu não sou um índio, não pretendo um retorno ao primitivismo( a modernidade é insuportavelmente artificial criou um homem falso de corpo e espírito, até seu deus é de plástico, o que chamam do pós-modernidade é a aceitação coletiva de uma doença do século vinte, o ressentimento de uma angustia do sentido,e da solidão, ser pós-moderno é viver sempre com medo da solidão, por isso um excesso de cores e sons, ausência de silêncio) nem um resgate da essência do homem e nem pretendo fazer uma debate sobre se sua essência é possível. O homem não existe, cada uma sabe de si o que em si é e existe. A filosofia virou em todo lugar uma instituição do pensamento, uma lugar um espaço determinado de linguagem, nomes, e hermenêuticas. O intelectual hoje e amanhã também, é o homem que lê tudo a partir do que já leu e fez das suas leituras um meio para sua crença, agora mais fundamentada, ou seja, um alienado cabal por insuficiência pulmonar, pois para viver é necessário saber respirar; um adoecimento por necessidade. O homem adoece na busca do sentido. Não há erro na busca nem no sentido. Há um erro na ânsia na doença que quer sentido. O primeiro sentido não se cria, pois, como as flores que não optam por nascer, os pensamentos germinam de terras firmes e fecundas e, as terras hoje e amanhã estão duras, secas, estão concretadas, batidas e ínsitas, inóspitas. Nada nasce da espontaneidade da vida, nada é espontâneo. O sentido, quem quer o sentido? Sentido é ficar calado. E eu que agora falo? Falo contra o sentido – mas muitos que me lerão, quererão saber o sentido. Hermeneutas com certeza não são bons leitores - nada que institucionaliza pode ser bom, pois, instituição é opressão, é poder. É um conjunto ordenado de falas que baseia todo comportamento para catalogar e oprimir e expulsar. É a criação do real dito como real para tornar real, para poder fazer ver o que é o falso, neste ponto, o poder. Somente quem odeia o poder pode viver tranquilamente. O poder corrompe e a opressão também. É isto que explica toda a perversidade?

Eu nego porque quero outro. Porque me recuso a fazer parte desta de qualquer coisa que não me afete a vida, que não me dê espírito, isto é, sangue que corre firme pelo corpo, pois espiritualidade é sentir e ouvir o sangue correndo pelo corpo. Tenho necessidade do que muda e do que transpira. A existência plástica, aromatizada artificialmente, o sexo emborrachado de camisinhas, silicones, e cremes me irritam e me entristecem profundamente. Tenho nojo lembrar que já fui capaz de tocar o corpo de uma mulher, sobretudo, aquela mulher. Sofro por ter um desejo que não posso jamais saciar, um prazer que jamais poderei obter, porque não tenho, não gosto. Detesto esta mulher preparada, sempre pronta e disposta a chupar porra de qualquer pinto perdido de madrugada. Detesto este clima de badalação que está em cada gesto feminino. Tudo é diversão, nada é serio, por isso nada é profundo, tudo é de superfície. Porque falar da mulher? Porque ela é o pivô de uma relação promiscua, isto é, porca do ponto de vista higiênico, e do ponto de vista afetivo. E, não somente a mulher, mas o sexo do modo como os homens querem e o aceitam. Este pacto de facilidade e aceitação do outro destruiu toda a forma de unidade entre homem e mulher, e torna toda forma de sexo uma aberração violenta sempre permeada de uma sensação de estupro e dor. Assim, aceito a solidão de não ter. Nego tudo, a tudo digo não. Agora, quero ser um contra fluxo que faz vir do fundo do ralo toda a merda que produz este mau cheiro e da loucura que me deram vocês irão me ouvir, do quarto escuro que me liberto vocês vão ouvir meu insulto violento. Estou obcecado pela merda e por fazê-la emergir do fundo do esgoto que estas flores mundanas cobrem, mas onde desaguam estas águas, muitas outras flores morrem também.

Klaus William, O Enforcado

Klaus William
Enviado por Klaus William em 23/03/2012
Reeditado em 23/03/2012
Código do texto: T3570587