Ironias do medíocre ressentido
carinhosamente amado mestre /
então o que tu tens a dizer? /
que infortúnio amarga a tua meiga voz angelical?
que pesadelos perturbam a tranquilidade dos teus sonhos?
vem - fale - estou na escuta soberba criatura /
os gritos devem ser resguardados tão secretamente para que os teus discípulos não ouçam a tua fragilidade?
ora ora imperturbável ser - no momento tu tens quieta tua ira?
trovejaste tanto em lamúria ferina contra este rastejante serviçal e agora percebo que tu calas num silêncio mórbido e cruel /
ahh!! não há motivo que enseja dissabor ao teu espírito diante da insignificância do verme que vos fala /
manifeste-se sublime criatura /
vens oferecer-me acalanto a alma com as boas novas a ti atribuídas exclusivamente pela vontade do poder celestial /
não me julgues desmerecedor das tuas circunstâncias paradisíacas
em razão da minha humilde discordância do que trazes de sabedoria /
vens caro amigo fraterno /
desces até o porão fétido abaixo deste chão que limpas teus pés exaustos no fim da peregrinação diária que realizas pelas cercanias proferindo ricas e sofismáticas mensagens de fé amor e esperança aos desaventurados servos carentes de um mundo sem sofrimentos abundante em prosperidade e paz
vens - ó grão mestre - tens compaixão deste indesejável ser /
perdoai vós este abjeto profanador cujos olhos vertem lágrimas de crocodilo num gesto envidente de arrependimento pelas blasfêmias que cuspiu em desacordo com a doutrina do insigne führer
espero no quinto dos infernos