Contrato.

Nunca combinamos que não era amor. Escapou ali aquele beijo no meio do escuro e do movimento do carro. E aquilo não foi fome, ou era, mas de outros muitos jeitos. Porque quando você está aqui, ou até mesmo na sua ausência, o resto todo vira uma grande comédia. E aquele cara mais novo, e aquele outro mais velho, e aquele outro que escreve, e aquele outro que faz filme, e aquele outro divertido, e aquele outro da festa, e aquele outro amigo daquele outro. E todos aqueles outros viram formiguinhas de nariz vermelho. E eu tenho vontade de ligar pra todos eles e falar: putz, cara, e você acha mesmo que eu gostei de você? Coitado. Adoro como o mundo fica coitado, fica quase, fica de mentira, quando não é você. Porque esses coitados todos só serviram pra me lembrar o quão sagrado é não querer tomar banho depois. O quão sagrado é ser absurdamente feliz mesmo sabendo a dor que vem em seguida. O quão sagrado é abrir mão de evoluir só porque andar pra trás é poder cruzar com você de novo. Nunca combinamos que não era amor. E fomos indo, juntos, cada vez mais um dentro do outro. Caminhamos de mãos dadas nas vielas, e nos abraçamos em todas as praças. Não, não combinamos que era amor. E talvez por isso mesmo tenha se tornado, assim, tão rápido. É, nós nunca combinamos que seria amor. Mas, hoje, amor, hoje é pra sempre.

Lawlieth e Tati Bernardi.
Enviado por Lawlieth em 18/03/2012
Código do texto: T3561684
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