Em meu peito, a luz não habita mais
Meu peito ardia em chamas, enquanto esperava os dias passarem lentamente. A cada hora que passava a dor aumentava e me fazia expelir as palavras, que eu tanto represei em minha alma.
Ao colocá-las no papel, sentia um punhal cravar meu peito e, todas as feridas que haviam sido remendadas, foram abertas. Naquela instante, lágrimas começaram a jorrar em minha face, meu coração sangrava e minha razão se esvaiu.
O que havia guardado com medo de sentir, estava sentindo agora, a flor da pele. Todas as marcas, todas as dores guardadas, estavam todas pulsando em um ritmo frenético em mim. Me vi sozinha, ninguém apareceu para me ajudar, o telefone não tocou, a campainha não soou, ninguém veio.
Me encontrava sozinha no momento em que mais precisava de ajuda. E todas as lembranças de amigos sumiram da minha mente e, todos os momentos bons, a tristeza já estava injetada em minhas veias e, só eu não havia percebido. Todos se afastaram e, só eu não entendia o por que. Agora descobri, a frieza me envolveu, a dor se tornou minha rotina. Sorrisos já não brotavam dos meus lábios e, só as lágrimas faziam questão de aparecer.
Minha vida que sempre fora iluminada, perdera totalmente à luz, assim como minha casa, tudo escureceu, já não abro as cortinas para o sol entrar, não quero mais encarar a rua e, nem as pessoas. A luz se perdera em meio a tanta escuridão que existe em mim.
As palavras que antes me acalentavam, hoje só me ferem. Essas mesmas palavras, que antes me faziam inventar amores eternos, mundos perfeitos, hoje só me fazem escrever sobre dor (a minha dor). Já não consigo simular felicidade, se tento escrever sobre ela, as palavras simplesmente se vão.
Algumas semanas se passaram e, a minha dor não se cala, mas não grito mais. As lágrimas ainda insistem em cair. Ainda não tenho forças para encarar a luz, tão pouco as pessoas, mas aos poucos vou deixando pequenas frestas de luz iluminar minha casa. Mas nada consegue iluminar a minha alma e o meu coração. Em mim ainda está tudo escuro, é como se lá fora já houvesse amanhecido e aqui dentro fosse noite, sem lua e sem estrelas, apenas a escuridão.