Valsa do Tempo
Não sei se era valsa, ou polca, só sei que a dancei com você. Não sei se era um xote ou mambo, só sei que era leve e tão bom. Nossos corpos bailavam entretidos num doce lirismo. A cadência a gente inventava, aos risos nos pisados sapatos...
Depois era outro corpo, outro sonho, outros passos. E o passado da outra dança ficava esquecido, uma rês abatida!
E mais outra, já era um carnaval. De uma alegria, ardente, de lábios de dentes. E as velhas sombras ficavam encolhidas, na masmorra de uma retina já destorcida!
E foram tantos sois, e bem mais luas, que o tempo enfim apitou, já chegou à estação...
Hoje meu deu na telha ir ao adro da igreja de paredes pichadas E quem vejo sair lá de dentro... A valsa, a polca, de mãos dadas, com dois rebentos. Olá, você por aqui! Pois é! Esse é um amigo filhinhos!- Vamos mamãe, papai nos espera! -Você está tão bem! -Você também! Ela seguindo olhando pra trás. Firmei bem o olhar sobre plácidos óculos! E a pequena distância nossos olhos dançaram a valsa a polca, o xote e o mambo! Só sei que foi triste, tão leve, tão bom!