Amor sertanejo.
Quando amanhece o dia acordo com os raios de sol iluminando a minha face através das frestas do telhado de sapê que me protege do vento, do frio e da chuva, que delicia! Numa tarde corria uma brisa fria pelos campos onde estava a pequena casa à beira do lago, onde eu morava. Num certo dia, ao anoitecer, você chegou com o seu jeito meio aloprado e convidou-me para irmos banhar no lago, eu fui, pois para mim basta ouvir a sua voz dizendo para fazer qualquer coisa vou logo dizendo sim. A água estava fria mas você me convenceu que não e pelos seus braços entrei na água mas quando você me soltou eu gritei: que frio, e desmaiei. Meus lábios ficaram cianóticos mas você, com ternura, beijou-me demoradamente e segurou o meu corpo junto ao seu e aqueceu-me rapidamente e assim, com um beijo e o seu calor eu voltei à vida, aliás, quantas vezes e de quantas maneiras você devolveu-me a vida? Vida essa que não raras vezes se sentiu ameaçada por sentimentos de angústia que tentaram tirá-la de mim, por isso te amo, és parte da minha vida, não posso viver sem você, tampouco longe de você. Quando voltamos para casa você colocou-me próxima à lareira para aquecer o meu corpo e então os meus lábios ficaram rosados novamente e ao chegar a noite jantamos um pequeno peixe com aipim, ambos assado na brasa. É nessa vida simples que vivemos e nela cultivamos o nosso amor sertanejo