TODO MUNDO SABE

todo mundo diz que te ama. e é óbvio que eu te amo, mas tá tarde de mais prá dizer o porque.

e todo mundo comenta, nas entre-linhas, que eu andei sumida e que eu andei perdida e que a culpa era sua.

todo mundo tem razão.

tô velha de mais prá jogar esse jogo de novo. me engolir aos pouco. me fazer de pó.

agora tô em paz com meu baralho, meu cachimbo, meus dias (só meus) amarelos - nem tanto - mas são meus.

tô vendo seu ego inflar de longe, por novos velhos romances, que duram três semanas, ou mais.

gostei de uns dois caras, uns bem sua cara. mas nada de mais...

um era seu biotipo, o outro um hippie maltrapilho, um verme covarde qualquer.

comprei toda coleção garcía marques (hoje me arrependo profundamente), nunca li nenhum. mandei buscar até da china. quanta bobagem!

tô tentando ser agradável prá todo mundo, como você sugeriu: grandes sociedades, novas amizades e um novo lar.

parei com as frescuras das calçadas, de só andar de um lado. parei parei. parei também com a fobia de grilos, de abelhas e louva-deus.

ah, outra coisa os cigarros mentolados: parei.

me lembrava que em um dia, lembrava você.

mas eu continuo com o velho hábito de dormir com a mão no peito, e de perguntar, só pra ouvir de novo. ah, e tem aquela: de fingir que não se lembra.

...

eu continuo a mesma sem você. você sem mim engordou.

Berenice
Enviado por Berenice em 17/03/2012
Reeditado em 17/03/2012
Código do texto: T3558983
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