MEU PAPEL EM BRANCO

este lugar me faz distante do eu manifesto

empobrece o fulgor dos dias

ponte de cordas sendo roídas

no tempo que permaneço atalhado

exageração: combustível terrível

queria incendiar as folhas brancas

apertar os passos dessa maré

vejo que todos inalam essa emanação de ódio

franco desejo do silêncio podre

é com receio da pobreza humana

quefazeres, por mim, sobreviver a usança

prefiro depois da lembrança, recorrer a mutação

e d'outro lado abarracado ficarei

vizinho as chamas

feito de folhas brancas no cabeço dessa historíola

em que os homens ordinários

ditaram seus preceitos básicos de cupidez

meu prognóstico é o também

usado pelo grosso número de pessoas alheias

sem conteúdo, sem argumento para seu sangue

e sem saber o que registrar

Cândida folha, que não me trouxe auxílio algum.

Diálogo
Enviado por Diálogo em 14/03/2012
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