A Senhora e o Sobrado

Caminhando pelas ruas do velho centro de São Salvador, deparei-me com um majestoso sobrado amarelo.

Notei uma senhora já de cabelos brancos a declamar palavras de amor em sua janela.

Na rua do sobrado perguntei sobre a figura na janela que declamava tão belas palavras.

Ninguém soube-me dizer quem ali residia.

Foram várias noites de lua a ouvi-la, foram várias as sensações e devaneios.

Porém em determinada noite passei embaixo de sua janela e ela estava fechada.

E assim permaneceu por um longo período.

Busquei a graça semelhante de suas palavras pelos sete cantos, encontrando apenas o repouso da alma e coração junto ao mar.

Passaram os anos, e sua janela continuava fechada.

A noite da Bahia ficou mais silenciosa.

Até que em uma noite quente onde o calor acariciava a lua que por sua vez tocava os moradores de Salvador, qual não foi a minha surpresa e satisfação ao vê-la novamente olhando o horizonte e declamando ao vento.

O tempo do silêncio sem fim acabou mostrando-me quem ali realmente morava.

Uma Poetisa!

Um coração poeta!

Que como todo coração cobra seu tempo.

O mesmo tempo que me fez enxergar no sobrado, a morada do amor e de todos aqueles que como à senhora sonham ao luar.

Mesmo que muitas vezes para o verdadeiro sentimento brotar, os anos necessitem passar.

Salve a Lua!

Salve o Amor!

Salve a Senhora de cabelos brancos do sobrado amarelo!

Salve a Poetisa!

Salve a Poesia!

Baraygby
Enviado por Baraygby em 11/03/2012
Código do texto: T3548783
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