Acontece todo dia
Nada. Tudo. Fala - mudo surdo cego / prego! Rasga! Corta! Prega! Entrega em casa tudo e fala, mudo cego surdo e burro! ‘esmola? eu quero o mundo!, e mais gorjeta pela entrega de tudo’! Esfrega na nossa cara sem medo do dedo que aponta a porta da rua, da sala, da janela da vizinha nua e crua; e amante, louco, por pouco vive sem bala na testa, no peito, no saco - de dormir - com a mulher do entregador - de tudo! – e, sem gorjeta e louco de raiva, de ódio, ciúme!, se mata do alto do prédio, se joga e cai na rua, atrapalha desfile de moda outono-inverno e vai pro inferno - vale dos mortos - agonia choro e medo de tudo que entrega na porta da casa da sua mulher – traidora-amadora - na cama de lama porca! suja! Fecha cortina, tranca porta, tira camisa, trai marido! mulher de dois, mulher de fases, nem se importa se marido tá morto, estirado no chão da rua de baixo do cobertor, de baixo da cama! Sexo a três! Terceira vez!, só neste mês! Marido, corno chifrudo, entregador de tudo, não esperava que entregassem na sua porta, a porta da casa, porta do lar, uma caixa de doces, buquê de flores, pra sua mulher, traidora, e se mata e se morre de dor com a entrega da morte em sua casa, em minha casa!, e garota se casa! igreja e papel e filho no bucho - isso é moda, isso é luxo, isso é um lixo! coisa de bicho macaco cavalo vaca pardal etc e tal! Tá tudo aqui!, pronto e acabado e ponto final.