SAUDADE

Caminhei sozinha pelo areal,

era uma tarde de Outono

não corria uma brisa,

completamente oposta a muitas tardes daquele verão

ventoso e zangado, que havia arremessado tanta areia

contra os corpos ardentes, pela conquista de uma corzinha de verão.

Gosto da companhia certa e na hora certa!

… quantas vezes, mesmo com companhia estou só!

Hoje queria ficar sozinha-sozinha,

queria conversar com o «meu mar»

pedir-lhe conselhos,

desabafar a minha mágoa e a minha tristeza,

procurava algo que não conseguia encontrar,

queria antes de mais encontra-me a mim,

sim a mim…há muito que estou perdida,

já não sei se o norte é para sul ou se o oeste é para este,

o vai e vem das ondas dão-me alguma paz,

sentei-me… peguei num punhado de areia,

deixei-a cair lentamente…

que percurso já terão feito aqueles grãos?

Em que vagas terão viajado?

Que sonhos terão levado?

Que sonhos terão trazido?

O sol já estava baixo,

havia um brilho e uma luz reflectida na água,

que em nada se parecia com o sentimento da minha alma,

…estava coberta de nuvens cinzentas

que… ainda não tinham encontrado o local

nem a hora certa,para descarregarem o seu peso…

as lágrimas teimavam em não parar…

Por momentos desejei ficar ali para sempre,

…ou… talvez só…

Adormecer, ao som das gaivotas

do vai e vem das vagas.

Deitei-me na areia quente,

fechei os olhos…ele descia as escadas da falésia em direcção à praia,

trazia os seus calções azuis, a sua camisola branca

…como sempre, a toalha ao ombro,

ía… parando… em cada lance,

observava o mar…as gaivotas,

as crianças que brincavam

…e como sempre o fazia…

procurava-me…quando chegou ao passadiço virou à direita,

talvez não me tivesse visto…

… sinto a tua mão na minha, ajuda-me a «levantar»…

Adelina Soares
Enviado por Adelina Soares em 09/03/2012
Código do texto: T3544489
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