Vida de Plástico
Às vezes me sinto assim; omisso.
Sinto vontade todos os dias de dizer “eu te amo” para alguém que realmente é importante pra mim, mas, sabe-se lá por que, nunca digo. Quantas vezes eu quis me sentar ao lado de um mendigo ou de um idoso que nunca vi na vida e conversar sobre qualquer assunto, perguntar sobre sua vida, suas vontades, enfim, mas sempre tenho outras coisas a fazer. Às vezes sinto que preciso dar uma abraço em minha mãe, meu pai...Mas fica sempre pra outra hora.
Uso sempre a mesma desculpa; tempo. Minto pra mim mesmo. Eu sei muito bem que não se trata de tempo e sim de omissão, orgulho, medo, mesquinhes, estupidez, burrice entre outros adjetivos.
Os amigos das antigas já não vejo há muito tempo. Será que é muito difícil fazer um telefonema e marcar uma “cervejinha” no boteco da praça pra colocar os assuntos em dia? Queria escrever, pelo menos de vez em quando um bilhetinho de amor pra minha esposa, relembrar velhos tempos, mas eu finjo que acho isso careta. Pura hipocrisia. Nunca visitei um orfanato, um asilo, um presídio, um hospital, embora sempre tive vontade, porque tenho certeza de que eu poderia ser útil na vida de alguém, pelo menos um pouco, mas simplesmente nunca fui e não entendo o porquê. Tento me contentar com a pseudo felicidade egoísta das viagens, festas, baladas, livros, músicas, bebedeiras e afins...
Vivo uma vida de plástico no meu mundinho de plástico. Na loucura do cotidiano que nos obriga a correr desenfreadamente ao encontro do nada. Sim. Digo “ ao encontro do nada” porque corremos tanto sem saber ao fundo o que queremos. Será que o que queremos é felicidade? Mas que tipo de felicidade estamos procurando quando almejamos um carro novo, uma TV, roupas da moda, e tudo aquilo que a mídia insiste em nos empurrar garganta a baixo? Isso é felicidade de plástico. As coisas simples do dia a dia que realmente nos alegram estão caindo no esquecimento.
Quero me renovar, na verdade preciso me renovar. A vida passa diante dos meus olhos numa velocidade estonteante que, agora que percebo, já estou mais velho do que queria e não fiz nada. O que tenho são apenas lembranças de alguns momentos bons, porém, o que terei pra contar no futuro sobre o meu momento atual? Novamente nada. Mas com a fé que ainda me resta acredito que posso recomeçar.
No fim disso tudo, te digo amigo leitor, tenho quase certeza de que minha história é semelhante a sua...
Paulinho Souza