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Amigos não tenho, constatei esses dias... quando uma lágrima pendia de meu olhar enquanto eu andava a passos lentos por uma multidão, repleta de hipocrisia e medo. O fone era o único elo que me ligava a mim mesma, chorei ao som de uma melodia triste que minguava em acordes avulsos. Não tenho nada - pensei - pois quando pensava que tinha, não tinha não... Nem mesmo meu coração que, de alguma maneira, fugiu de mim e hoje anda sem direção. Droga! Não queria que soasse como prosa, nem poesia. Queria alguma mais duro, mais frio, mais doloroso... Como de fato é, mas sou sentimental a ponto de não conseguir controlar a solidão, não aquela de alguém, mas aquela solidão de mim mesma. Não me acho, não me enxergo, não estou em mim.

Fique mais um pouco, não vá. Lua! Me ame enquanto o sol não chega, me conforte enquanto meu coração tenta me reencontrar. Sinto falta, mas me contenho em silenciar-me. Faz parte da vida perder dias, anos e suspiros. Versejo de cá, enquanto algo acontece por aí. Agora, ouço apenas o barulho irritante e constante do teclado a digitar tudo isso, ao meu lado alguém respira forte tentando controlar o fluxo de hormônios e mentes vazias viajam pelas telas dos computadores. Dentro de mim, um silêncio angustiante, cortante. Um silêncio que suga o que resta de mim.

Complexa, eu sou. Pena de quem não soube aceitar essa teia de que sou formada. Hoje escutei pela primeira vez algo que me fez sorrir e consentir com um leve olhar: Amo porque sei que és diferente de mim e aceito essas distinções com todo o prazer, as poesias mais verdadeiras são aquelas que não rimam.

Ana Luisa Ricardo
Enviado por Ana Luisa Ricardo em 08/03/2012
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